sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E SÓ DÍVIDAS!...



ENQUANTO na Assembleia da República se assiste aos insultos, coisa que, na verdade, não sucede apenas entre nós, dado que já não é a primeira vez que a televisão nos deixa ver, em Parlamentos do terceiro mundo, até pancadaria entre representantes do povo, pois em S. Bento, Maria José Nogueira Pinto, pelo PSD, e Ricardo Gonçalves, pelo PS, envolveram-se numa troca absurda de palavras que não se devem proferidas por pessoas que, com responsabilidade acrescida, têm obrigação absoluta de manter o respeito mútuo e de dar o exemplo aos cidadãos.
Especialmente neste período que atravessamos e em que outras preocupações muito avassaladoras nos atingem, é nesta altura que se necessita de assistir, por parte das personalidades que ocupam lugares de visibilidade pública, de um comportamento que transmita alguma tranquilidade. Sim, que a ocasião não está nada para arrelias suplementares, dado que é forçoso dar tudo por tudo para que se tente conseguir vencer aquilo que pode vir a ser uma situação de certo dramatismo.
Que afirmem os técnicos economistas que a economia portuguesa, afinal, regista uma recuperação inferior à antecipada pelo INE, em Novembro que acaba de passar, pois só crescemos 0,7 %, o que quer dizer que esse crescimento afinal resultou numa queda de 2,5% no último trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, que seja apresentado esse panorama, dito assim ao cidadão comum não provoca grande reacção. E a prova é de que as compras do Natal continuam a fazer-se, como prova de que existe uma enorme insensibilidade no que respeita ao futuro que nos espera.
E como o primeiro-ministro, como sempre actua, lança pela boca fora uma lufada de optimismo enganador que, embora possa ter intenções de criar ambiente apaziguador para os que se encontram sem emprego, não corresponde, no entanto à realidade, eu por mim não sei se esta atitude será a melhor para quem desempenha umas funções que só poderão admitir a verdade absoluta dos factos e não ilusões, e, pelo contrário, procuro, pelo menos neste meu blogue, chamar a atenção para o caminho que se nos depara e isso por considerar que é sempre melhor prevenir do que depois remediar.
E, mesmo tratando-se de uma época em que, por ser natalícia, tudo parece ter a cor de rosa, não é por tal motivo que devemos fechar os olhos, por exemplo ao panorama que, ainda hoje, foi traído pela comunicação social ao conhecimento público: o de que o endividamento público já atingiu os 130 milhões de euros, pois é esse o valor dos juros por ano que o Estado tem de pagar, o que, só para se ter uma ideia, equivale a metade do acréscimo da despesa com pensões dos funcionários públicos em 2009.
E também é importante não se perder de vista, para acréscimo da nossa consciência, que a dívida pública nacional já ronda os 132 mil milhões, isto de acordo com o segundo Orçamento que vai ser discutido no Parlamento. Depois, é fundamental que tenhamos todos consciência de que a dívida pública directa do Estado duplicou desde 2001 e que o Governo, no âmbito do Orçamento rectificativo que apresentou, vai pedir autorização para aumentar o endividamento líquido directo para mais 15 mil milhões de euros ainda este ano.
É por isso que eu ponho a questão de saber se, perante uma linguagem da verdade que o Executivo devia utilizar num panorama como aquele que estamos a passar, todos os gastos extraordinários não seriam justificados e até agradecidos pelos portugueses? E há ainda tanto para economizar! Por exemplo, as iluminações de Natal em todo o País, não poderiam este ano ter sido evitadas? A Nação inteira não compreenderia tal medida, desde que devidamente explicada? Claro que não me refiro já ao que é considerado investimento e que tem a ver com os aeroportos, os comboios de alta velocidade, as auto-estradas e tanta coisa que só irresponsáveis é que clamam por querermos “ser os primeiros”, “ser os melhores”, “ser os exemplares”!...
O pior é que se não forem estes a deter o Executivo nas mãos, serão outros! E quais? Haja quem responda e tome a responsabilidade.
E festejemos então o Natal, esperando que alguns Reis Magos nos tragam o ouro, já que a essência podemos nós substituir pela inteligência e a mirra por bom senso…

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