sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

AGRICULTURA Á PORTUGUESA



AO APROXIMAR-SE o início de um novo ano, ao dar razão àqueles que gostam das datas fixadas para realizar qualquer iniciativa, pois eu sigo esse caminho e sublinho as mágoas que são costumadas no nosso País, provavelmente desde que ele existe, no respeitante aos problemas com a agricultura que temos.
O péssimo tempo que tem feito nestes últimos dias veio acrescentar dificuldades às gentes dos campos que, muitas delas por descendência familiar vão suportando o seu sustento através daquilo que as terras produzem. E, na maioria dos casos, tratam-se de pequenas parcelas que, por isso mesmo, não permitem que as explorações sigam sistemas modernos e mecanizados que fazem reduzir substancialmente os custos na lavoura.
Mas isto que vem de séculos passados, pois sempre fomos uma Nação reduzida ao espaço que nos coube na ponta oeste da Europa, o que fez que se arrastasse pela nossa História fora a exploração da pequena propriedade. E como não temos sido dados à criação de grupos localizados que fizessem aumentar as áreas agrícolas, muito embora contemplemos o que ocorre por essa Europa fora, em que, até aqui ao lado em Espanha os preços das produções ficam muito reduzidos pelo facto de tanto as culturas como depois as operações de colocação nos mercados serem resultado de quantidades que justificam os investimentos em todas as áreas, dada a nossa paralisação nos tempos cada vez mais nos afastamos das possibilidades de competirmos em preços com a concorrência internacional.
Quando dirigi uma revista que deu brado na altura, “o País Agrícola”, como jornalista vi-me na necessidade de estudar o problema que era motivo de desânimo de uma grande parte dos agricultores nacionais. E a conclusão a que cheguei, mesmo não sendo agrónomo ou talvez por isso mesmo, foi de que se tornava necessário mudar a mentalidade não só dos homens dos campos como também do próprio Ministério que, agarrado a princípios burocráticos e de secretária, com os seus engenheiros engravatados e com deficiência de contacto com os principais interessados em desenvolver os métodos tradicionais de cultura, não eram dados os passos absolutamente imperiosos para que o panorama se alterasse.
E chagámos aos dias de hoje tal como nos encontrávamos bastantes anos atrás.
Nessa altura de “o País Agrícola”, em que era ministro respectivo Álvaro Barreto, feliz os possíveis para tentar convencer aquele Ministério de que era importante aproveitar uma oferta que obtive por parte das autoridades de Israel que se ofereceram para transmitir os seus saberes aos agricultores portugueses interessados. Bastava que o Governo da altura quisesse colaborar na proposta. Mas nada foi conseguido!” E a única possibilidade que poderia ser aproveitada era a de organizar visitas semanais ao País dos israelitas e efectuar visitas aos “kibbutz” onde a exploração agrícola é feita com grandes avanços tecnológicos, bastando recordar a invenção da “rega gota a gota” que de lá surgiu há anos.
E foi assim que foram efectuadas mais de uma dezena de viagens a preços reduzíssemos e em que participaram umas centenas largas de agricultores portugueses. Até o pai de Cavaco Silva foi um dos viajantes.
Refiro-me a este caso, nesta altura, porque se trata de uma espécie de prenda de Natal. Prenda que se oferece ao actual e novo ministro da Agricultura que, ao entrar no ano de 2010, sendo novo naquele lugar, poderia pegar na ideia e querer, definitivamente, alterar o panorama que se vive por cá de uma agricultura familiar e incomportável com a união que se impõe, sobretudo quando somos pequenos e não conseguimos sair da nossa menoridade de tamanho e de saber.
Não consegui nada anos atrás. Vou conseguir agora?

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