segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SUBORNOS



POR QUE será que não apareceu ainda a questão de saber se é mais culpado o que suborna ou o que é subornado? É estranho, mas parece que todos os comentadores e noticiaristas procuram não abarcar esse tema, preferindo colocar todas as culpas no negociante de sucatas, Manuel Godinho, por sinal o único que se encontra na cadeia, não mencionando claramente os outros, os que foram beneficiados com as “luvas” que os fizeram meter ao bolso proventos que a outra parte propôs para obter os resultados que esperava.
Com excepção de Armando Vara, que se encontra agora na berlinda das notícias, e cujas conversas telefónicas com José Sócrates poderiam aclarar as dúvidas que andam por aí espalhadas pela opinião pública, se não tivesse sido estranhamente mandada arquivar e, caso se pudesse confirmar que o primeiro-ministro não teve nada a ver com o que se passou na altura, no capítulo de intervenção nas situações dos jornais que atravessaram situações financeiras graves, se essa atitude medrosa não tivesse sido tomada talvez, nesta altura, já se pudessem pôr os pontos nos iis e a definição entre corruptores e corruptados não constituísse uma nebulosa que não serve a ninguém.
Afinal, por muito que o primeiro-ministro se defenda com a ajuda de uma rede protectora que, perante os portugueses, não consegue retirar as dúvidas que cada vez mais se adensam, a realidade é outra: da História já ninguém consegue tirar a suposição de que existiu um principal governante português que deixou as maiores suspeitas de que se terá deixado envolver por uma cadeia de corrupção e que, com maior ou menor escala, não conseguiu deixar claro se a sua participação foi efectiva ou apenas superficial.
São bem conhecidos os velhos ditados populares de que “quem não deve não teme” ou de que “mais vale sê-lo do que parecê-lo” ou ainda de que “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”, pois, com todos estes conselhos, bem poderia José Sócrates ter seguido um deles e não se via, por muito que queira garantir que é alheio a tudo, envolvido no pacote que não lhe deixa buraco para fuga.
Mas será que sou eu que me julgo sapiente ao ponto de encontrar soluções para os problemas dos nossos governantes ou, pelo contrário, o que eu possuo é uma ingenuidade em demasia, que me permite acreditar que todos são pessoas honestas, intocáveis no que respeita à sua honorabilidade e merecedoras da confiança absoluta quanto aos seus procedimentos?
Já ando baralhado com aquilo que sou e o que deveria ser!,…

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