sábado, 7 de novembro de 2009

O BANQUEIRO ANARQUISTA


SE FERNANDO PESSOA ainda estivesse por cá e nos desse o enorme prazer de podermos acompanhar a sua genial composição literária, provavelmente neste ocasião aproveitaria o tema que está tanto em voga e referir-se-ia à tão comum corrupção que se instalou nos meios da alta finança e no empresariado com aproximação ao sector da política. Tinha pano para mangas!
Aquele livro, com um nome tão sugestivo, que foi certamente inspirado nalgum caso raro que terá ocorrido na sua época, “O Banqueiro Anarquista”, nesta altura, com este título e só mesmo por tal denominação, vinha a calhar para cobrir o que está a tornar-se uma forma normal de comportamento de uma série de gente que, tendo caído na profissão ligada aos vastos dinheiros, não se ficou apenas pelas chorudas retribuições que lhes são atribuídas e partiu para outras vias de alcançar fortunas fabulosas no mais curto espaço de tempo possível.
São já conhecidas várias situações de fulanos que, tendo tomado assento em administrações de empresas de crédito, vários deles vindos de cargos públicos ou, na inversa, saindo de onde estão por convite sendo-lhes oferecidos altos lugares de chefia no Estado, que, tempos depois, são focados pelos media por terem-se dado ocorrências que justificam a divulgação dos seus nomes, essas situações têm vindo a constituir aquilo que parece ter-se tornado num hábito sucessivo.
As enormes fortunas, vaidosamente mostradas, de formas de vida que não são explicáveis em face dos ingressos normais de dinheiros que se supõem constituir as suas profissões, os casarões onde passaram a residir, os carros de luxo em que se deslocam, tudo isso não pode deixar de fazer duvidar de que o enriquecimento súbito não foi obra de um totoloto milionário que alterou completamente o dia-a-dia dos visados. E como isso se constata em um grande número de sortudos, não podemos deixar de revelar estranheza por se tratarem, de uma geral, de figuras que estão colocadas em lugares de relevo, sendo que, em muitos casos, conhecendo-se o seu passado, maior espanto terá de causar, pois que não se passa de ter uma mão à frente e outra atrás para a demonstração de fartura estonteante sem que algum “milagre” tenha ocorrido…
Não vou aqui enumerar situações dignas de serem sublinhadas, pois que elas são tantas que ocupariam um largo espaço deste blogue. E, para além disso, o risco que se corre de ser apanhado pela tal Justiça que temos, com acusações de manchar o “bom nome” dos eventuais visados, tudo isso obriga a que haja cautela, dado que sabemos perfeitamente que os chamados poderosos têm muita força e comandam em várias zonas do nosso País. Para bom entendedor…
Mas como a esperança é sempre a última a morrer, dizem, com a entrada em funções do VIII Governo e com um novo ministro da Justiça, espera-se que aquela pasta mole, que se situa nos palácios onde se lê nas paredes de fora a palavra “justitiae”, leve agora uma volta de tal maneira grande que modifique de forma categórica aquilo que ocorre lá dentro.
E se não for desta…

Sem comentários: