quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ÍDOLOS



DIGAM lá o que disserem, com todos os seus defeitos a televisão sempre proporciona fazer-se uma análise do que somos, nós portugueses, sobretudo quando se procura ouvir opiniões de rua ou são organizados concursos que desafiam os espectadores a concorrer e aí têm de mostrar a sua validade, sejam com perguntas que representam pontos ou se efectua o desafio de darem mostras de capacidades específicas, como é a de cantar, que é a que trata o tema a que vou referir.
Antes disso, porém, ainda não deixo escapar as avaliações que um programa da manhã faz nos passantes ocasionais e que se refere, especificamente, a saberes da língua portuguesa. E aí se constata como são pobres os conhecimentos que possuímos no que respeita à nossa própria fala e à respectiva escrita. Uma vergonha!
Mas quero chamar agora a atenção para um concurso que tem dado muito que falar e que tem como objectivo encontrar o que chamam de “Ídolo”, ou seja um jovem, parece que com o limite de idade dos 27 anos, que faça prova de que tem capacidade de aparecer a público a cantar no estilo “pop”.
Foram milhares os concorrentes que se submeteram ao juízo de quatro especialistas, segundo dizem, tendo, ao cabo de vários dias inteiros de julgamentos, sido apurados os considerados em condições de se sujeitarem ao segundo escrutínio. Isso fica para mais tarde. Pois o que importa, nesta altura, é termos a capacidade de reflectir sobre o triste espectáculo que foi dado aos espectadores televisivos, não só no que diz respeito à inconsciência da valia da maioria esmagadora dos participantes, mas sobretudo no capítulo do seu aspecto geral, da sua apresentação, do vestuário, dos modos de oratória.
A ideia com que se fica face ao espectáculo que foi proporcionado aos seguidores dos programas televisivos é a de que não podemos ficar satisfeitos com os chamados homens de amanhã, dado que foram em tão grande número os que se aprontaram para pretenderem ser “ídolos” e foi tão censurável a sua apresentação que não nos resta outra alternativa que não seja temermos pelo Portugal de amanhã, o que está mesmo aí à porta e que necessita de contar com cidadãos capazes de resolver os enormes berbicachos que a geração actual vai deixar.
Já não digo que a falta de consciência no que diz respeito às capacidades de virem a exercer bem a arte do canto, por muito “pop” que ele seja, seja assim tão grave, pois muita gente, mesmo crescida, não tem a noção do pouco valor que lhe cabe em determinadas actuações, sobretudo nas artísticas. Mas, sabendo que iam apresentar-se perante as câmaras televisivas, logo para serem vistos por milhões de espectadores e não terem cuidado no mínimo de roupagem que não escandalizasse, pelo desleixo, quem os observasse, essa atitude dá mostras de que a juventude anda convencida de que os que não apreciam os seus gostos e as suas preferências é que precisam de recauchutagem, que estão ultrapassados e têm de ser postos de lado.
Pobres “ídolos” estes que se preparam para entrar na luta da vida. Mas, como não podem ser excluídos da possibilidade de virem a ser eles os que cá ficam, quem sabe se não existe a hipótese de lhes caber a missão difícil de apagar a luz e de fechar a porta… E isso talvez contribua para os chamar à realidade.
Como gostaria que estas palavras não tivessem o mais pequeno sentido!

1 comentário:

Francisco Castelo Branco disse...

Olá

Vim aqui parar. E logo com um texto destes.

Estou dividido quanto à sua analise.
Se por um lado concordo que existe espalhafato e exibicionismo a mais; próprio de um programa incluido na estação de televisao que é; por outro lado, acho que nao é nada de criticavel o facto de pessoas jovens com o seu próprio estilo quererem agarrar o seu sonho. Neste caso o de serem cantores. Ou simplesmente ganharem um concurso de televisão.
Da mesma forma que o politico quer que a sua opiniao seja ouvida por todos, o futebolista ganhar um jogo......

Uma coisa concordo. Estes programas; e o Idolos está integrado neste lote; sâo criados exactamente para alimentar o "sonho" das pessoas, nomeadamente dos jovens. Porque são eles que têm ambição.

Critico um pouco a forma como certas pessoas se comportam. Principalmente só para apareceram.
Mas isso acontece em todos os quadrantes da sociedade portuguesa. E não culpemos os jovens pelo estado em que a sociedade está. É graças aos jovens que Portugal tem (pouco) evoluido. Senão, ainda estariamos agarrados aos valores de outrora.

E de dizer que existem muitas pessoas que têm uma excelente voz e a esses acho que lhes deve ser concedido uma oportunidade. Porque quem sabe, daqui a uns anos estaremos a ouvi-los cantar....

No demais, gostei do post. Com um sentido critico bastante apurado.

Gostei do blogue e vou linkar...

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Vai gostar das questões que la se colocam´

abr