quinta-feira, 19 de novembro de 2009

HÁ VARA NOS TRIBUNAIS?



QUANDO no meu blogue de ontem confessava que me encontrava “farto de isto tudo”, queria dizer que o espectáculo que o mundo oferece e, particularmente, a agonia que tem de se sentir ao analisarmos aquilo que ocorre pelo nosso País, sobretudo nas áreas da política, da economia e, de forma particular, no que se refere ao sector social, fazendo esforço para arredar da minha disposição esse enjoo, cada dia que passa ainda mais serve para avolumar as razões que levam a não conseguir perder essa estado de espírito. E não é possível distrair tal situação com a euforia futebolística que tem tentado distrair a população no caso do jogo com a Bósnia que, no momento em que redijo este texto, ainda não sei quem vai sair vencedor, mas não será por aí que a Nação fica mais feliz, ainda que, sem dúvida, a nossa malta se mantenha atenta a um encontro que sempre provoca alguma dose de optimismo no capítulo do chamado apelo patriótico.
Deixemos, porém, este factor transitório e prestemos atenção ao que foi motivo para uma notícia trazida a público sobre o homem que se encontra nesta altura nas páginas dos jornais. E, enquanto noutro espaço do mesmo periódico, se pode tomar conhecimento de que, no nosso País, se perdem 488 empregos por dia e que o número total já atingiu a casa dos 550 mil desempregados, é referida uma situação que, no mínimo, só pode ser considerada escandalosa: é que o total de ordenados e acumulações de todas as espécies que Armando Vara auferia no momento em que desempenhava as funções de administrador da Caixa Geral de Depósitos foi de 240 mil euros anuais.
Não importa excessivamente saber se o ex-governante esteve ou não envolvido no denominado caso do “Face Oculta”. Isso diz respeito às autoridades judiciárias. Mas o que não pode deixar de constituir um insulto à pobreza nacional, aos desempregados, aos que arrastam enormes dificuldades – e é a maior dia população -, a diferença abissal entre os felizardos e os cidadãos comuns, por muito mérito que possam ter os que, vindo das berças sem nada sobem na vida, e não se sabendo se, neste capítulo, é este um caso de mérito, por muito que se queira encontrar motivos para situações deste tipo que ocorrem na nossa Terra e precisamente nesta ocasião tão difícil para a esmagadora da maioria dos cidadãos lusitanos, não se pode ficar indiferente e sentir uma revolta quanto ao mau uso da Democracia e da luta pela igualdade possível entre todos os portugueses.
Não, não venham com essa do comunismo, que por lá também existiam desigualdades… e de que maneira! O que se tem de clamar é pelo esforço que deve estar presente na actuação dos governantes, no sentido de que não se observem poucas vergonhas desta tipo, sobretudo porque os exageros revoltantes que se verificam, a maior parte tem origem em lugares em empresas em que o Estado tem interferência, directa ou indirecta.
Então, não tenho de andar farto desta trampa toda?

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