domingo, 29 de novembro de 2009

GASTOS DO ESTADO


JÁ ME referi, há bastante tempo, neste meu blogue, ao assunto do exagero dos gastos públicos com automóveis ao serviço de figuras detentoras de cargos oficiais e até dos motoristas que, em exclusivo, se encontram às ordens dos respectivos utilizadores. Mas, claro que os detentores do poder, aqueles que um dia (mais tarde ou mais cedo) terão forçosamente de prestar contas pela sua desgovernação, não ligam ao que se lhes aconselha e continuam na sua cega-rega enquanto detiverem nas mãos a possibilidade de serem eles a decidir. E refiro-me aos actuais, não esquecendo os anteriores e não confiando naqueles que virão a seguir. São tudo gente que, na ausência de um sentido de responsabilidade, sem uma Justiça que funcione neste País, apontando sempre para o lado os culpados dos erros que são praticados – e nesse lado nunca se encontra ninguém -, encolhem os ombros e lá vão continuando a fazer das suas.
Refiro-me ao abuso de compra e utilização de automóveis, muitos deles de alta cilindrada e de luxo, que são postos à disposição de entidades, sem haver ninguém que ponha cobro a tais exageros, isso em qualquer altura mas, evidentemente, no período que atravessamos e em que qualquer cabeça sabe que o País não suporta despesas que podem e devem ser contidas.
A nota refere-se ao Tribunal Constitucional que entendeu comprar carros de luxo para cada um dos juízes (que são 13 e de nomeação política), concretamente BMW, no valor total de 665.504 euros, acrescentando-se que este tribunal é o único onde os juízes têm direito a automóvel como parte de sua remuneração, ou seja, podem usá-lo a título pessoal…
Não vale a pena referir, mais uma vez, a situação da Justiça no nosso País, e o mau serviço que está a ser prestado aos cidadãos. Já nem é preciso tocar nesse ponto que é bem conhecido de todos os portugueses. Mas, já que a Democracia dá a liberdade de se apontarem os erros do sector oficial, pois que outra coisa não está nas mãos dos cidadãos, não deixemos de sublinhar todos os erros que chegam ao conhecimento dos que são obrigados – e bem – a cumprir com os seus impostos.
E aproveito esta ocasião para repetir o que também escrevi tempos atrás. É que, para além dos ministros e dos secretários de Estado que se compreendem que tenham um carro ao seu serviço e um motorista também em exclusivo, dessas funções para baixo e em regime de excepção o que se impõe nas circunstâncias actuais é que sejam criados serviços especiais numa garagem do Estado, onde se encontrem vários automóveis e motoristas disponíveis, e, sempre que um funcionário que tenha a classificação necessária para poder utilizar as viaturas oficiais, deveria efectuar a respectiva requisição bem fundamentada e a viatura que seria posta à disposição ocasional seria a que estivesse disponível e o motorista igualmente que se encontrasse nas suas funções. Isso dos automóveis atribuídos a personalidades deveria ter terminado a partir do momento em que a crise se instalou e começou a fazer os seus efeitos maléficos que se conhecem.
Então não seria compreensível que se tivesse tomado esta medida? Quanto se teria até agora poupado de dinheiros públicos? Alguém se teria que considerar como desprestigiado com essa actuação?
A última que veio a lume, do choque violento de dois automóveis de alta potência e grande luxo, em que o que se encontrava ao serviço do secretário-geral da Segurança Interna, indo a alta velocidade, embateu, na avenida da Liberdade, no que serve para o presidente da Assembleia da República, tendo ficado ambos destruídos, este acontecimento só serve para recordar que há, de facto, excessivos carros luxuosos ao dispor de demasiada gente importante.
Mas, uma vez mais, ninguém vai ligar a estas e outras recomendações. Os Sócrates deste País são muitos. Não é só ele…

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