domingo, 15 de novembro de 2009

COMUNISMO E CAPITALISMO



QUEM não tem complexos em se referir e em analisar os dois tipos de governação que, de uma forma generalizada, em dada altura dividiram o mundo em duas partes, para lá e para cá do “Muro”, e, com conhecimento objectivo de ambas as situações, se encontra na posição de emitir a sua opinião, se não quiser defender facciosamente uma das facções como sendo a que, indiscutivelmente, merece a sua preferência e, numa posição contrária, aceita os pontos de vista da parte que se situa no outro lado das preferências, quem assim proceder encontra, admito eu, algumas dificuldades em dar exclusivamente a razão a uma das duas partes.
Quer dizer, o comportamento comunista ou mesmo socialista radical, enquanto foi seguido nos países que se submeteram à orientação soviética, permitiu que as populações que estavam englobadas naquela política, em muitos casos, se sentisse satisfeita com o sistema. Como não conheciam com exactidão o que ocorria nos chamados países do Ocidente, e dado que a propaganda que lhes era oferecida nas suas zonas não permitia elogios ao que deste lado se passava, a opinião generalizada era bastante negativa quanto ao regime vivido neste lado.
Digo isto com conhecimento de causa e não apenas por ter ouvido dizer. Eu, que estive várias vezes, mas alturas mais severas do domínio soviético, em diferentes países sob o domínio político ali implantado e até dormi, numa ocasião, em casa de um casal jovem de professores universitário, em Budapeste (em plena subjugação de Moscovo), com um bebé de berço, pude avaliar a disposição que residia naquele exemplo que não me foi imposto, porque fui eu que escolhi a opção do convívio. E, ao trocarmos conhecimento das condições de vida nas duas situações, deparei, em certa altura, que, mesmo os intelectuais dessa área não entendia as vantagens, por exemplo, de existirem inúmeras ofertas de diversas marcas, cheiros, preços, tamanhos de um determinado artigo (por exemplo, sabonetes), quando o consumo se resumia a um só. E por aí adiante…
Numa visita a Portugal de um director de um diário, membro do Partido Comunista, que jantou em minha casa, foi grande a admiração demonstrada por termos, como qualquer outra pessoa, uma mobília de uma boa madeira. E, após a apreciação de uns vinhos nacionais, confessou-se entristecido por não ter tido autorização de ser acompanhado pela sua mulher, mas, de uma forma geral, os jornalista que saíam tinham de viajar sozinhos.
Bem, isto passou-se naquela época atrasada em que o Muro ali se encontrava a dividir a Alemanha, muro esse que, como eu já escrevi neste blogue, eu passei em Berlim, depois de um demorado estudo do meu passaporte.
Mas, depois desta descrição toda, vale a pena sustermo-nos numa apreciação do que é este mundo do livre mercado. E analisarmos que não temos a saúde toda defendida, a educação gratuita se merecermos esse apoio, a atribuição de residência, embora com sujeição ao compromisso do número de filhos, o emprego garantido com remuneração mínima, mas com almoço no trabalho, espera de anos para adquirir um frigorífico, uma televisão ou uma rádio, mas com preços de saldo. Não temos deste lado nada disso. Mas temos, isso sim, a liberdade plena de nos revoltarmos contra o que consideramos ser ataques à cidadania.
Não pretendo ir a fundo em ambas as situações. Apenas desejo alertar os leitores para uma reflexão sobre ambas as posições políticas. E talvez chegar à conclusão de que o Homem não conseguiu ainda encontrar a maneira ideal de se governar, de conduzir a vida em quase total harmonia e com a felicidade política plena.
Já dizia Churchill que a Democracia era a menos má das políticas. Quer isto dizer, segundo o velho britânico, que não existe situação que possa ser considerada como isenta de defeitos. Para quê, portanto, escolher?

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