quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CASA PIA, HAJA PIEDADE!



VÃO lá dizer isso a qualquer habitante dos 27 países da Comunidade Europeia e nenhum deles acredita que isso possa acontecer. Garanto que sim, que é uma realidade, que tal sucede nesta Nação chamada Portugal e então o incrédulo transforma-se em duvidoso. “Ah! Se é aí, então já não digo nada!” É a resposta.
E que assunto é então que provocou esta conversa? Pois, nada mais, nada menos do que o julgamento do caso da pedofilia da Casa Pia que, tendo tido início em 25 de Novembro de 2004, cinco exactos depois ainda não terminou e ninguém sabe quando terá o seu final.
De todos os intervenientes, os réus continuam a envelhecer, as consideradas vítimas, que eram rapazes no início, cresceram e alguns já constituíram família, houve até um que tentou suicidar-se. E o início do problema foi denunciado há sete anos, registando-se aí que se realizaram cerca de 450 audiências nos diferentes tribunais por onde passou o caso, o qual ocupou até agora o espaço escrito de 60 mil folhas, tendo prestado depoimentos mais de mil pessoas. E quanto custou tudo isto? Ninguém faz contas. Mas será uma barbaridade!
No meio de todo este panorama, só um arguido se confessou culpado, pois que os restantes seis reclamaram a sua inocência. Será que, no términos deste drama, se chegará a alguma conclusão no que respeita à acusação de culpados e, se os mesmos forem definidos, que penas lhes cabem? Ou, pelo contrário, a surpresa será a de só terem existido vítimas?
Esta situação que ocorre na Justiça portuguesa é a mais espectacular das muitas que, não sendo divulgadas na Informação, também se arrastam, por tempos infinitos, nas salas de audiências que temos. O que bem demonstra que, há muito tempo, há anos, que teria sido absolutamente necessário rever todo o sistema e que alguém ou alguma instituição jurídica ou política gritasse o “basta” ao tão aparatoso escândalo. Mas nada disso sucedeu e, da mesma maneira que inúmeros problemas que temos para resolver em Portugal se mantêm em “banho-Maria”, que é o processo mais cómodo que seguimos na nossa Terra, assim prossegue o tempo infinito que é forçoso aguardar numa situação tão importante para que a Democracia seja respeitada.
Por isso, estamos como estamos! E o primeiro-ministro, para espanto de todos, menos para os que o bajulam, é de que continua Sócrates a dar enormes demonstrações de que tudo corre bem no País e que não há ninguém que seja capaz de fazer melhor do que ele.
O dramático é se essa afirmação não anda longe da realidade!

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