sexta-feira, 16 de outubro de 2009

JAMAIS


É VÊ-LOS deixar o que faziam e regressar uma vez mais à vida política profissional, isto é com remuneração adequada que, bem vistas as coisas, de uma forma geral, é sempre superior à normalidade dos pagamentos que se praticam por aí por qualquer actividade que se tenha. O que foi agora tornado público é que uma série de indivíduos que já são conhecidos pelas suas intervenções que os “media” transmitem, essas caras surgem de novo no ambiente partidário e, em particular, como deputados na Assembleia da República.
Vou enumerar alguns deles, por serem os mais visíveis desde há bastante tempo, pois nunca se afastaram completamente dessa área e agora, por razões que os próprios poderão esclarecer, fazem uma reaparição. São eles: Pacheco Pereira, Maria José Nogueira Pinto, Francisco Assis, José Ribeiro e Castro e João de Deus Pinheiro (este, à última hora, renunciou ao mandato, talvez porque o golfe tenha falado mais alto!). Haverá ainda outros, mas passarão mais despercebidos.
A pergunta que se poderá fazer, dado que ter dúvidas e querer ser informado é uma atitude absolutamente respeitável, é se, então, pessoas que já deram mostras do que foram capazes no mundo da actividade partidária, e tendo sido afastadas ou tendo dado esse passo por vontade própria, acham que nesta altura o País necessita assim tanto da sua nova intervenção. O preferível, de facto, é que caras não conhecidas – o que, aliás, acontece também agora nesta nova Legislatura, com 105 rostos que se estreiam -, apareçam a querer mostrar que um sangue novo será capaz de modificar muitos dos vícios que estão instalados na vida política e, sobretudo, na partidária, ao ponto de passar a existir um maior e melhor entendimento entre adversários, pois que a Democracia portuguesa carece de fazer uma análise do seu comportamento e de confessar que não existe por cá a capacidade de ouvir as opiniões dos outros e de admitir que as nossas ideias nem sempre são as melhores.
É evidente que José Sócrates, recolocado no lugar de primeiro-ministro de um Governo minoritário, tem de dar mostras de ser, desta vez, capaz de apelar para a modéstia que lhe faltou no período terminado, isto se quiser que o nosso País não paralise perigosamente por falta de condições para serem executadas as disposições tomadas governamentalmente. Estamos todos cá para observar se o resultado da votação que ocorreu se justifica e se o Povo é tão sábio como se diz muitas vezes. E também estamos ansiosos por verificar se Sócrates tem desta vez capacidade para dirigir uma equipa ministerial que, se der mostras, um ou outro dos seus membros, de não se adaptar às circunstâncias, o que deve fazer com a maior rapidez é encaminhá-los para a saída, pois que os dinheiros públicos não se compadecem com desperdícios de pagamentos de ordenados a políticos incompetentes.
Neste particular a actuação do chefe do Executivo tem de ser de rigor e sem contemplações com amizades e com compromissos. Será que, desta vez, vamos encontrar uma personalidade diferente da anterior?
É preciso gritar bem alto “Jamais” a ocupantes de lugares ministeriais que não sirvam o País e que lá se mantenham não obstante as manifestações públicas que têm lugar e a que o chefe do Governo, como sucedeu no mandato findo, fez vista grossa.

Sem comentários: