sábado, 31 de outubro de 2009

FACE OCULTA



EU BEM tomo conhecimento dos comentários que me enviam e, tirando aqueles, felizmente bastantes, de aplauso quanto ao que escrevo, surgem também os que tomam a posição de me acusar de ser excessivamente pessimista. Mesmo tratando-se de opiniões pouco frequentes, não deixo de me inquietar porque tomo sempre atenção ao que os outros opinam e tenho de levar em conta a razão que lhes poderá assistir.
Porém, como ainda hoje sucedeu, ao dar a volta a todas as notícias que busco nos vários meios de que disponho, por mais que quisesse encontrar assuntos que dessem para transmitir alguma satisfação, um certo optimismo, a verdade é que nada me chegou que pudesse nesse sentido aproveitar no meu blogue. E, bem ao contrário, os noticiários deram grande relevo ao caso dito de corrupção que envolve empresas com participação do Estado e a constituição de arguidos suspeitos de estarem envolvidos no que tem já o nome de “Operação Face Oculta”.
Poderia passar por cima, ignorar este caso e, para não dar assunto aos que me acusam de falta de optimismo, ir directamente às situações que também surgem nas primeiras páginas dos jornais e que dão grande relevo aos casamentos desfeitos, aos namoros que se interrompem, às gravidezes que algumas figuras mais ou menos conhecidas assumem e ficam satisfeitas de tornar públicas, assim como a outros assuntos de igual menoridade noticiosa. Mas não foi por aí que entendi seguir na preparação do texto que dou a conhecer. Não pude fugir de considerar como tema principal aquilo que está a ocupar o sector de investigações, policiais e já mais adiante, posto que a corrupção, num País como o nosso em que a situação social se encontra tão melindrosa, tem de ser devidamente apontada não permitindo que passe despercebida, já que o andamento nos Tribunais se encarrega sempre de fazer esquecer na opinião pública os problemas que deveriam ser mais rápidos a merecer os respectivos julgamentos.
Não vou demorar-me, por hoje, neste caso. Deixo para mais tarde referir-me ao que começar a sair como esclarecimento de quem são os envolvidos numa situação que cheira a milhões de euros, posto que situações deste tipo envolvem sempre quantias muito altas e beneficiados que pertencem ao grande grupo de figuras que se sabe que têm um nível de vida muito acima do normal.
Mas, sem entrar numa área por agora muito sensível, basta que deixe aqui referido o caso de Armando Vara, que não sendo uma excepção, antes pertence a um grupo de gente que muito tem beneficiado com a situação política que se tem vivido por cá, fará reflectir bastante os portugueses comuns, pois que a sua ascensão foi tão rápida e tão satisfatória para o próprio que leva a perguntar se não existe forma de impedir que casos semelhantes e tão extravagantes sucedam com tanta frequência. Este felizardo, que passou de funcionário simples da C.G.D. lá no interior do País, inexplicavelmente para a função de vice-presidência do BCP e que, não só isso, pois beneficiou da subida rápida de escalão dentro do Banco público, o que lhe dá uma reforma, a seu tempo, que excede enormemente o que os seus colegas antigos vão auferir quando chegarem a essa situação de reformados, pois tudo isso lhe sucedeu graças ao caminho que tomou dentro da política e que, como a tantos outros, permitiu acumular benesses verdadeiramente escandalosas.
Graças a António Guterres, conseguiu chegar a lugares no Governo, como secretário de Estado e como ministro, até que, no ano 2000, se viu envolvido por um escândalo que merece outro texto para o lembrar. Não lhe foi atribuída qualquer responsabilidade e Armando Vara, não sendo uma excepção, conseguiu sobreviver a todas as situações e coube-lhe agora uma nova referência a um caso que promete.
Promete o quê? Pois será mais uma situação que, se não for uma raridade de tudo a que estamos habituados a assistir, ficará nas conhecidas “águas de bacalhau”.
Sou pessimista? Digam que sim, digam… mas depois não se queixem!

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