quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ESTABILIDADE PRECISA-SE


Não tenho nenhuma certeza. Como em tantos assuntos que se nos deparam pela vida fora, não consigo ultrapassar certas dúvidas que não me deixam tomar partido por um caminho de entre vários que podem ser seguidos. E esta é uma delas.
Refiro-me à questão de defender o ponto de vista de que devemos chamar a atenção para os problemas com que o nosso País se debate ou se é preferível pintar cor de rosa as situações que, sendo reais, é bom que disfarcemos o panorama para não espalhar o pessimismo que pode provocar um desinteresse pela luta para melhorar o que existe.
Ninguém pode garantir qual seja a medida mais apropriada e eu, por mim, prefiro não olhar para o lado a assobiar, posto que, por mais negra que seja a situação em que vivemos, considero que devemos chamar a atenção para o que nos envolve e procurarmos contribuir para, dentro das nossas limitações, para dar uma volta por cima, para utilizar uma expressão abrasileirada.
Sendo assim, vou referir-me àquilo que fez parte dos noticiários de hoje e que, sendo conhecido o seu conteúdo, não é demais rebater uma situação que nos deve preocupar a todos nós, portugueses, pois está em causa o nosso futuro e, sobretudo, o dos nossos descendentes: trata-se do défice do Estado que já atingiu os 20 milhões de euros por dia, sim por dia(!), o que quer dizer que se Portugal fosse uma empresa se encontrava em situação de falência profunda, pois o que entra em fundos nos seus cofres não chega para suportar os gastos e vai-se, diariamente, diminuindo o activo… enquanto ele existir!
Pois, ao mesmo tempo que o panorama económico nos dá esta imagem tão preocupante, ocorre o problema da próxima votação no Parlamento do Programa e do Orçamento do novo Governo ainda por constituir e cuja composição vai dar bastante que falar. E o que se espera que suceda é que os partidos políticos com assento na Assembleia da República não tomem a medida perigosa de chumbar, na maioria, tais propostas, o que fará, seguramente, com que José Sócrates respire de alívio e anuncie a demissão do seu conjunto. E como o Presidente da República está impedido de convocar mais outras eleições legislativas até Abril de 2010 e o Parlamento não pode ser dissolvido por se encontrar dentro do prazo de seis meses após a sua eleição, o provável é que um novo Executivo teria de sair da iniciativa presidencial.
Que lindo panorama! Que trapalhada resultaria desta medida provocada pela falta de senso daqueles que podem ser responsabilizados pelo caos que isso representaria! É preferível esconder esta probabilidade de tornar-se real?
Cada um julgará como entender. Achará que é preferível não apontar os erros que podem sair das cabeças de gente que, estando colocada nas primeiras filas dos agrupamentos políticos, não é por isso que garantam ser capazes de tomar as decisões mais aconselháveis face ao País que temos e como o temos.
Que se dê, ao menos, a possibilidade de José Sócrates, apesar de não ter dado provas no exercício que findou, de boa actuação e de capacidade para enfrentar os problemas com competência e humildade, poder agora remir-se do mau de antes e dar mostras de que está em condições de actuar de forma adequada ao que o País necessita. Libertar-se assim do problema e partir para outra é que não me parece adequado.

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