domingo, 18 de outubro de 2009

CENTENÁRIOS



JÁ é uma realidade dos nossos dias. Nos sítios onde vivemos, seja qual for a cidade, a vila, a aldeia, quer isso ocorra em Portugal ou em qualquer outro país do mundo, com excepção de várias partes de África em que as crianças abundam mas em que se assiste à sua mortalidade em magotes, quer por doenças quer pela própria fome, aquilo a que se assiste é ao predomínio de gente idosa. Ora reparem a partir de agora se, na mesma direcção na sua rua ou em sentido contrário, não abundam as pessoas isoladas ou aos pares que atingiram já uma idade que ultrapassa bastante a sua.
E, a ser verdade o que veio publicado recentemente na revista médica “The Lancet”, todos os nascidos a partir do ano 2000 vão durar bastante para lá dos 75 anos, o que não provoca nenhuma estranheza posto que, já hoje, essa idade não é considerada como tratando-se do fim da vivência, então teremos que antecipar o que se passará no século seguinte ao nosso, em que os centenários abundarão por esse mundo fora. E isso devido ao desenvolvimento da ciência médica que torna capazes os de muitos anos de vida de aguentarem esse prolongamento sem os incómodos tão visíveis que ocorrem com os que ainda resistem por aí e que se arrastam até ao dia final.
Nem quero fazer contas e entrar no plano económico, em que os reformados se manterão a receber as suas participações nos montantes que lhes cabem por terem trabalhado até aos 65 anos e que esses encargos caberem aos mais novos de serem pagos. Os que cá estiverem na altura que resolvam a questão, pois que, dando voz aos optimistas, existirá sempre uma solução para os mais agudos problemas.
O que aflige também, porque me pode caber a mim enfrentar tal situação dos 100 anos, é pensar na inutilidade de tal prolongamento da existência, pois a rapidez das novas técnicas que invadem os mercados não dão sequer tempo aos mais velhos de se actualizarem e, desse modo, ficam com a sensação de que pertencem a outro planeta. É o caso dos computadores que, já hoje, deixam muita gente de fora por se convencer de que é demasiado tarde para entrarem nos meandros de uma “confusão” que têm dificuldade em aceitar.
Fazem mal, digo eu, pois que, enquanto de tem um palmo de cabeça, não se deve deixar de procurar acompanhar a evolução das tecnologias correntes. Mas não é essa a generalidade dos seres humanos que se situam para lá dos 70 anos. O que ajudará alguma coisa será a compreensão da gente nova que, sendo muito sapiente no que respeita a todas estas maquinetas que invadem o mercado, no capítulo do conhecimento do que constitui a história, os costumes e usos que vêm de trás, de alguma ciência que a velhice transporta, sobretudo no que diz respeito ao bom senso e à preparação para enfrentar o futuro, nisso é importante que os novos levem em conta e aproveitem a sabedoria dos antigos. Foi o que sucedeu connosco, com alguns que tiveram a felicidade de poder ouvir os mais velhos e com eles terem aprendido alguma coisa

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