quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TUDO PODE ACONTECER



E andamos nós, por cá, preocupados com os resultados das eleições, as legislativas e as autárquicas, e também com uma série de acontecimentos a que dedicamos grande importância, como sejam os tabus das escutas tanto na Presidência da República como no Governo – e a ser verdade tanto faz -, como, salvaguardadas as devidas distâncias, nos afligimos imenso com os resultados no futebol, sobretudo se o nosso clube preferido não alcançou a tal vitória, bem como, e nisto com alguma justificação, com as inúmeras dificuldades com que nos defrontamos no dia-a-dia, como sejam com o desemprego que representa, na verdade, um flagelo que nos toca dolorosamente na pele, e, para além dessas dores de cabeça que sustentamos, confrontamo-nos nós, em Portugal, com tantos problemas que não conseguimos ver resolvidos que nem temos ocasião para analisar, com a devida serenidade, aquilo que, muito provavelmente, nos obrigará a colocar em posição subalterna todo esse alvoroço de situações que, nesta altura, constituem assunto para ser tão debatido sobretudo em todas as televisões nacionais.
A que é que me refiro quando me questiono sobre a importância relativa dos casos que ocasionaram toda a barafunda que, digam o que disserem, causa, é certo, um certo mal estar entre as duas forças maiores do panorama político nacional e, em vista disso, o discurso do Presidente da República e todas as “sábias” intervenções dos chamados “politólogos” que foram chamados a dar as suas opiniões?
Pois, não deixando de atribuir alguma importância ao ocorrido, a realidade chama-nos para as notícias que invadem, já há algum tempo, as informações jornalísticas e que, a passarem a constituir uma realidade, não deixam oportunidade aos habitantes do mundo inteiro – e não só a nós, portugueses - de se inquietarem com as situações que, em cada parte do Globo, servem para abalar a vivência dos seres humanos. Avanço, pois:
O caso dos testes nucleares que estão a ser levados a efeito nalguns países que merecem pouco respeito e confiança no capítulo de serem governados por indivíduos que tenham dado garantias de não ultrapassar os limites admissíveis, essa repetição de lançamento de mísseis, cada vez com maior alcance, não podem deixar tranquilos os parceiros, também possuidores do vulgarmente conhecido por armamento atómico, pois, até a descoberta agora de que o Irão possuía mais uma central de enriquecimento do urânio, no que é acompanhado pela Coreia do Norte e, provavelmente, por outros países que se admite que escondam que já dominam cientificamente aquela área, toda essa situação não pode transmitir tranquilidade a todo o Globo, tanto mais que se sabe que, no caso de Israel, país que é apontado como alvo de um eventual primeiro ataque atómico dos muçulmanos e que dispõe do mesmo tipo de armamento, se verifique uma resposta de idêntico calibre constituiria um envolvimento alargado numa guerra cujas consequências estão longe de ser imaginadas.
Por mim, que até já escrevi uma peça de teatro, intitulada “E a Terra, indiferente, continua girando”, e em que as cenas decorrem num ambiente de um mundo completamente destruído por uma loucura humana em que todo o Globo fica destruído, não me espanto com o que poderá suceder se o Homem não conseguir dominar os seus ódios de toda a espécie e tomar consciência dos efeitos devastadores que sairão das suas próprias mãos se não conseguir dominar um qualquer acto de loucura.
Por isso, embora tendo aguardado com o maior interesse as palavras que Cavaco Silva anunciou que pronunciaria ontem, ao ter concluído que se tratou de uma espécie de “briga de pátio” todo aquele conjunto de escuta aqui e escuta ali, ainda mais fortifiquei o meu ponto de vista de que os portugueses têm problemas muito mais importantes para levar por diante a sua vida do que ficarem agarrados a pequenas questiúnculas que, embora sejam inquietantes por porem de mau humor Belém e S. Bento, não significam a quebra da continuação da vida. Para além disso, não posso deixar de referir que a forma como Cavaco Silva geriu este assunto, desde o seu início e agora nesta fase, foi a pior que eu esperava que saísse da sua forma de conduzir o País.
Estejamos atentos a como vai ser constituído o novo Governo. Analisemos a forma como o Executivo conseguirá entender-se com os outros partidos e inquietemo-nos quanto à eventualidade de não existirem possibilidades de governação no período mais próximo. Tudo isso vai revestir-se de importância nacional que serve de plataforma para os passos que se seguirem politicamente falando.
Isso, por cá. Porque, quanto ao resto, não está nas nossas mãos interferir.

Eu sei, este texto é excessivamente pessimista. Mas já há que chegue quem ande a garantir situações felizes à Humanidade. É bom que alguém previna no que respeita a possibilidades contrárias.


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