segunda-feira, 14 de setembro de 2009

POLITÓLOGOS



Esta designação apareceu recentemente para classificar alguns interventores opinativos nas televisões, sobretudo em relação aos confrontos que têm existido entre responsáveis partidários que concorrem às próximas eleições legislativas. Seguramente que a dúvida que eu levanto no que respeita a esta denominação dada pelas direcções televisivos também será levantada por muitos dos que seguem tais programas e que foram apanhados de surpresa com uma profissão que nunca foi utilizada entre nós.
Seja como for, esta ridicularia só poderia acontecer no nosso País, onde a política serve para tudo e existe uma camada apreciável de população que tudo faz para se situar nas redondezas dos partidos, na esperança de que possa surgir uma ocasião em que alguma migalha dos ganhos que se obtêm naquelas áreas possa saltar inadvertidamente para o seu colo.
Não teria excessiva importância que se tivesse inventado tal designação – que não consta em nenhum dicionário da língua portuguesa dos muitos que existem e que foram consultados quase todos, muito embora o sufixo de origem grega “ólogo” seja aplicado com justificação gramatical, como as palavras “homólogo”, “astrólogo” e outras -, se não ficasse nitidamente à vista que a razão por que algumas televisões as puseram nos écrans se deve ao simples facto de pretenderem justificar o motivo pelo qual pretenderam criar audiências com opiniões de conhecidos e desconhecidos e que aparecem para contribuir para causar ainda mais confusão nas cabeças dos cidadãos que, já por si, se encontram bastante baralhados.
E é pena que valha tudo para pretender mostrar que existem critérios honestos para ajudar a população a alinhar os seus pensamentos numa altura tão crucial como é esta de formar opinião no que respeita a colocar a cruz na lista de votos no próximo dia 27.
Isto de andar a insistir nas posições dos dois partidos mais conhecidos, o PS e o PSD, nas sondagens que garantem servir de orientação para os desnorteados, pode muito bem resultar, como já aconteceu antes, numa demonstração de que o povo não se decida muitas vezes senão na altura em que se encontra perante o boletim de voto.
Eu, por mim, continuo a insistir nalguma surpresa que pode muito bem sair no final da contagem. Que não vai aparecer um grupo partidário com maioria absoluta, por forma a conceder-lhe inteira força para formar Governo e que tenha capacidade para exercer a sua vontade sem o auxílio de um outro, quanto a isso julgo que não terão dúvidas nem mesmo os protagonistas dos referidos dois partidos. Logo, aquilo com que os portugueses se vão deparar é com o passo que são obrigados a contemplar a seguir a serem conhecidas as somas dos votos. E esse passo, seja para o PS seja para o PSD, vai criar muitos amargos de boca. Vão ser engolidos sapos vivos, como se costuma dizer. Aquilo que foi assegurado de que não seriam feitos acordos entre este e aquele, essa relutância em serem enfrentados juntos os problemas que, de outra forma, não têm forma de andar, isso vai cair no esquecimento. E o que os políticos melhor sabem fazer é olhar para o lado e esquecerem as promessas declaradas em período de eleições.
A ver vamos

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