domingo, 20 de setembro de 2009

GATOS FEDORENTOS



Como não podia deixar de ser tenho assistido às entrevistas feitas por um dos Gatos Fedorentos (peço desculpa mas não fixo os nomes) aos líderes dos partidos principais que concorrem às eleições legislativas (e não só) que estão aí à porta e, talvez ao contrário do que serão as opiniões gerais, tenho ficado com água na boca, isto é, esperava que as questões postas, tanto mais que são preparadas com antecedência, se revestissem de maior interesse e até proporcionassem um grau elevado de dificuldade aos entrevistados, tudo, já se vê, dentro de um espírito de gozo, que é o que se pretende com tal programa televisivo.
É que, em boa verdade, qualquer das figuras que aceitaram estar presente nesse espaço que se dedica à ironia – e, quanto a isso, há que reconhecer que os participantes, embora não pudessem fazer outra coisa que não fosse comparecer, pois a falta de um deles constituiria uma prova de ausência de humor e tiraria votos no próximo dia 27 –, qualquer deles já sabia ao que ia e, por muito ar aparente de alegria que tivessem mostrado, no fundo não estariam a achar graça nenhuma e bem prefeririam andar pelas ruas a distribuir sorrisos e papeis de propaganda a quem não lhe pusesse questões.
Mas, numa passagem breve de apreciação no que diz respeito à ideia do programa em si, tenho de elogiar quem tenha sido o autor, mas, como me compete na qualidade de espectador e de cidadão, confesso que cheguei a admitir que se ia tratar de um espectáculo que faria com que alguns dos interpelados dessem mostras de bastante incómodo, pois as questões que se podiam pôr numa sessão como estas são, sem a responsabilidade de se ser excessivamente sério e escondendo por detrás da graciosidade algumas rasteiras daquelas que até fazem corar os perguntados. Mas isso não sucedeu na generalidade com a dimensão que se poderia aguardar. Terá sido por ausência de génio no grupo que preparou as perguntas ou foi porque se revestiu de certo receio em abarcar temas que, de uma forma geral, andam no pensamento dos próximos votantes e até, ou sobretudo, na cabeça daqueles que não fazem tenção de participar na votação, mas que poderiam levar a atitudes incómodas por parte de quem manda e que, como se tem verificado – pelo menos fala-se nisso – toma atitudes que não são muito meigas?
Não vou deixar aqui nenhuma pergunta que eu faria. Não posso, não me cabe interferir na orientação de um esquema que foi posto de pé com as possibilidades de que dispunham os seus responsáveis. Mas marco o meu desapontamento. Esperava muito mais. Perdeu-se uma oportunidade que ficaria gravada na memória dos que ainda assistem aos preâmbulos de uma eleição de importância, como é a que vai ocorrer em 27 de Setembro.
Quem cá estiver que aguarde por uma ocasião que permita repetir a experiência. E até, quem sabe, nem seja preciso esperar assim tanto tempo…

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