quarta-feira, 16 de setembro de 2009

GAFFES



Já não nos devíamos admirar das “gaffes” cometidas pelos nossos políticos, por aqueles que são considerados os principais da cena que nos é apresentada permanentemente, pois aquilo a que nos é dado assistir só tem servido para, cada vez mais, perdermos a confiança no futuro aceitável do nosso País.
Ainda haverá quem tenha esperanças de ver Portugal ascender à fasquia dos menos mal situados no panorama europeu. E, por isso, considere que todos os avisos e até desconsolos que sejam evidenciados por compatriotas só representem falta de amor à Pátria. Pois eu entendo exactamente o contrário. Quando nós, em nossa própria casa, no seio da nossa família não somos capazes de reconhecer os erros que praticamos e avisar para procurar emendá-los, quando preferimos fingir que tudo corre bem e silenciar, nesse caso, digo eu, é que não contribuímos para que a situação se altere.
Lá ouvir os de fora apontar os nossos erros, isso é que custa. Ninguém fica agradado ao escutar um estranho indicar-nos os defeitos que temos. Mas se somos nós os primeiros a interferir para que as asneiras não se voltem a repetir, nesse caso é bom que isso se verifique.
Vem a propósito tal desabafo em face dos erros praticados pelos concorrentes às próximas eleições legislativas e, em particular, por Manuela Ferreira Leite, quando se referiu ao TGV e introduziu as relações nacionais com a vizinha Espanha no frente-a-frente que manteve com José Sócrates e em que deu mostras de uma agressividade aljubarrotista que já está completamente fora de moda há muito tempo.
É certo que a nossa situação financeira nesta altura obriga a que façamos bem as contas antes de nos metermos em dispêndios que podem aguardar por momento mais adequado. É o caso dos tais submarinos que devia calar o Paulo Portas quando ele surge a atacar os concorrentes na fúria eleitoralista que faz com que não se pense bem nos telhados de vidro de cada um. Mas, no que diz respeito a tudo fazermos para que não fiquemos acocorados nesta ponta da Europa, nessa situação, por muito que tenhamos que pedir mais emprestado, não podemos aceitar que nos assemelhemos agora à Albânia de que ainda nos lembramos, nesta ponta extrema da Europa.
E o TGV, não na ligação ao Porto, mas quanto a ficarmos em comunicação moderna com os outros países do nosso Continente, nesse aspecto não podemos hesitar.
É que não se trata de defender os interesses dos espanhóis, como afirmou a presidente do PSD, mas sim lutar abertamente pelo que a nós diz respeito, não só porque cria postos de trabalho essa abertura de portas à alta velocidade, como as infra-estruturas nacionais que têm de ser utilizadas representam dar que fazer à industria pesada portuguesa.
Levantar questiúnculas com os nosso vizinhos, numa altura em que o bom convívio constitui um imperativo de toda a família europeia, pois é com a união que todos poderemos lutar contra a crise que abalou e abala as economias não só do nosso Continente, mas também, tomar essa posição não representa uma medida ajustada à situação que se vive.
Esta “gaffe” de Manuela Ferreira Leite não deu votos à concorrente ao primeiro lugar nas eleições que se aproximam. E, se for o partido dela a ficar na primeira posição, como chefe de um governo terá que emendar a mão e justificar-se perante os vizinhos. A ver vamos!...

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