sábado, 12 de setembro de 2009

AGRICULTURA PORTUGUESA



Quem, como sucedeu comigo, teve já a responsabilidade de fundar e dirigir uma publicação portuguesa dedicada à agricultura, com a qual desenvolveu uma luta profunda para que o nosso País procurasse sair da mediocridade de sempre no que se refere a modernização do sector, um jornalista, como foi o meu caso, que também se preocupou com esta tão importante área da nossa economia e produtividade, teve ocasião de aprofundar os problemas que, não sendo de hoje, são os que não deixam que Portugal, apesar das suas característica benévolas em termos de clima, se situe numa posição que lhe permita não se encontrar longe da média europeia.
É verdade que a distância geográfica que nos separa do centro dos países europeus, sobretudo no que diz respeito aos dois mercados agrícolas mais importantes ali situados, em Paris e Londres, não nos beneficia no caso da colocação das novidades temporais, em que conseguimos a antecipação de uma ou duas semanas em relação aos mesmos produtos prontos a comercializar. Mas isso não é suficiente para conseguirmos entrar na competitividade, pois que a quantidade nacional oferecida ao consumo não é suficiente para lutar com os preços conseguidos com as grandes produções europeias e até com as espanholas.
Logo, a possibilidade de Portugal se posicionar face ao mercado que pode absorver o que produzimos nos campos situa-se na área da qualidade excepcional que formos capazes de oferecer. E é aí que tem de ser desenvolvida a nossa agricultura de exportação.
“o País Agrícola”, que foi a revista que lutou pela actualização dos meios de produção da agricultura em Portugal, levantou repetidamente este problema e, através de múltiplas visitas dos agricultores portugueses que promoveu a Israel, onde o Estado dá enorme apoio aos seus cidadãos, no sentido de lhes prestar grande auxílio técnico, esforçou-se para conseguir transportar para cá o espírito que ali se vive e que é o da produção em conjunto – os “kibbutz” -, não tendo, no entanto, conseguido interessar o Ministério da Agricultura da época, que se comportou como que hoje está no lugar, pois que, da parte dos judeus, criou-se uma abertura de apoio que bem poderia ter sido aproveitada. E tudo ficou na mesma.
Levanto agora esta questão, pois os partidos políticos que se apresentam às próximas eleições, especialmente o CDS, têm insistido no acento tónico da agricultura portuguesa, mas não apontando para as soluções que poderiam servir para deixarmos a miséria agrícola que sempre foi o nosso fraco. E a solução assenta na necessidade de terminarmos de vez com as pequenas produções agrícolas – e aqui é ao contrário dos PME, que são as pequenas e médias empresas, o que é preciso é juntar forças – e, mantendo as propriedades nas mãos dos seus donos, no capítulo da obtenção de resultados nas culturas estes só são rentáveis quando são fruto de produção mecânica, actualizada e com recurso a pouca mão-de-obra.
Este resumo dá ideia de como, por mais anos e séculos que tivermos como Nação, não conseguimos aprender nada com os exemplos vindos de fora. E com a própria Espanha aqui ao lado, com os custos agrícolas mais baixos do que os nossos, graças às áreas trabalhadas, não aprendemos nada. Mantemo-nos fieis às enxadas, ao tractorzito, quando não é ainda à junta de bois, e ao produzirmos sem haver um estudo que indique onde se pode vender e quais as características que os mercados requerem para nos comprar. As Cooperativas Agrícolas que pululam por esse País fora, deviam ser reduzidas a um terço, com mais força técnica e com capacidade de efectuarem os estudos que o Ministério da Agricultura que temos, com os engenheiros engravatados todos sentados às secretárias, tem obrigação de realizar.
Mas isto não passa de sonhos de quem parece que não sabe em que País vive. Fomos, somos e, infelizmente, parece que vamos continuar a ser assim.

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