quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ORGULHO



Este é um País de orgulhosos. Por tudo e por nada, toda essa gente de cá que surge a prestar declarações, sobretudo na área da política mas não só, usa a expressão que mostra bem como somos todos uns contentinhos da silva com aquilo que é o produto das nossas actuações. Tornou-se um hábito, quase uma monotonia de expressão o afirmar-se que se está orgulhoso por isto ou por aquilo. E, nesse particular, o nosso José Sócrates, até agora no artigo que publicou no “Jornal de Notícias”, lá aparece a expressão tão do gosto daqueles que não têm dúvidas, que sempre estão convencidos de que aquilo que fazem é o único possível e aceitável que deve ser executado.
Eu confesso que não tenho grandes certezas de tudo o que faço. E, quanto ao que fiz, só depois de conhecer os resultados é que pude tirar conclusões sobre se se tratou da melhor opção ou se haveria outra que suplantava a que tomei. Mas como o arrependimento já não resolve as más escolhas, sou restava tirar proveito da lição e evitar que, de futuro, viesse a ser tomada uma dcisão equivalente.
Por isso, procuro não usar a expressão de ficar orgulhoso com alguma decisão que saiu certa, pois não fico seguro sobre se a próxima medida que me caiba tomar acabará por ser a certa ou não me equivocarei de novo. Enquanto estamos vivos, sempre que somos forçados a ter de optar por uma deliberação que as circunstâncias nos põem à frente, em cada um desses momentos, se temos consciência das nossas fraquezas, sendo obrigados a decidir damos o passo que não pode ficar no vazio. E se acertarmos, pois só temos que agradecer pela sorte que nos protegeu nessa altura.
Isso acontece, por exemplo, quando temos de aceitar a colaboração de alguém que se dispõe a prestar um serviço. Se acertarmos, melhor. Mas se a escolha foi desafortunada, pois não há outro remédio que não seja aceitar o que as circunstâncias nos proporcionaram. Em qualquer dos casos, o orgulho não é para aqui chamado.
A escolha dos elementos que, num Governo, fazem parte do elenco ministerial, também está pendente do acerto, se bem que conte, nesse caso, o conhecimento antecipado da qualidade das pessoas convidadas para os lugares. o que não constitui, de forma absoluta, uma garantia de que os resultados corresponderão ao que era esperado na altura dos convites. E também aí não há que ser orgulhoso da qualidade dos membros do Gabinete.
É, portanto, preferível não se ficar orgulhoso de nada, pois que mais vale argumentar com a sorte que foi favorável no capítulo de qualquer acção tomada e que tenha saído bem.
De gente orgulhosa devemos andar todos nós, portugueses, bastante fartos. Têm-se visto os resultados de tais orgulhos. É o País que temos e são as medidas que têm sido tomadas no decorrer dos últimos anos. Da mesma maneira que antes da Revolução, nós, os dessa época, temos bons motivos para exibir grandes orgulhos… Oh se temos!...

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