segunda-feira, 6 de julho de 2009

MULTIDÕES



Quando, mesmo sem querer, sobretudo sem desejar fazê-lo, me ponho a pensar em temas da vida, os quais se encontram completamente fora da minha possibilidade de resolução, para além de só estar a dar trabalho ao cerebelo não consigo chegar a uma conclusão que se possa considerar indiscutível. Talvez fosse preferível que eu me considerasse infalível, que não tivesse nunca dúvidas, que achasse que os outros é que são os ignorantes. Não era bonito, lá isso não seria, mas, no terreno da felicidade, quem assim procede anda mais contente consigo mesmo do que o contrário.
Ora vamos lá ao que eu vinha a mastigar comigo, enquanto caminhava para casa: que, se fosse possível dividir as grandes e majestosas fortunas que existem em todo o globo terrestre e que se encontram na posse de uns tantos, mesmo sendo muitos, por todos aqueles que se situam na área dos miseráveis, sem meios para nada e, esfarrapados, que buscam comida nos mais incríveis locais, se se amontoassem num local, ainda que tivesse de ser enorme, os bens que excedem as necessidades, que sobram, que não fazem falta a quem os possui, que constituem apenas luxos e demonstrações de grandeza ofensiva, se, ao serem contabilizados todos esses valores se apurasse o montante em dinheiro e, por outro lado, fosse possível dividir tamanha quantia pela totalidade dos necessitados do essencial mais básico, seria que o que coubesse a cada um chegaria para o retirar da situação degradada em que se encontra?
Pois aí está a pergunta que me veio à cabeça e cuja resposta não é possível obter, por mais estatísticas que existam e por muitas contas que alguns mais metódicos consigam apurar.
Eu, por mim, punha a questão desta maneira: numa grande família, dessas que acumulam montes de filhos e infinidades de tios, sobrinhos, etc., todos a viver na maior precariedade, se aparecesse um familiar que teria antes emigrado e que mostrasse ter conseguido uma enorme fortuna, ao contemplar todos aqueles numerosos parentes resolvesse dividir por eles o total do que tinha conseguido amealhar, provavelmente seria ele a aumentar em mais um o número de necessitados do grupo familiar, pois o montante de que era possuidor não chegava para solucionar a miséria de tantos os que o rodeavam. E, em vez de haver um grupo familiar pobre com um parente rico, passaria a existir o mesmo grupo de parentes, com mais um, mas todos sem condições para enfrentar a vida com o mínimo de sustentabilidade.
Se assim fosse, a solução seria, segundo parece, a de eliminar parte da grande família e, desta forma, então o valor apurado na fortuna do parente rico já chegaria para deixar todos mais ou menos em condições de saírem da situação miserável em que viviam. E, ao transpor este tipo de problema para o mundo inteiro, não me resta, no meu pensamento, outra saída que não seja a de reduzir drasticamente a população de todo o mundo, e isso de forma a que o bem estar na vida se encontrasse ao alcance dos habitantes que se arrastam pelo nosso Planeta nas piores condições humanas que são bem conhecidas.
Agora, a forma de tornar mais equilibrada a quantidade de seres humanos que habitam na nossa Esfera é, perante os números calamitosos existentes de mais de seis mil milhões de pessoas, seria, por um lado, a limitação do nascimento de nova gente, o que causaria, a breve trecho, aquilo que já hoje é um problema, ou seja o excesso de população velha, mas, por outro, surgir uma epidemia que, numa rápida passada, levasse desta Terra uma quantidade esmagadora de viventes. Ambas as situações não parecem ser as mais aconselháveis.
Deste modo, dizia-me o meu pensamento quando caminhava atormentado por tal problema, que, por muito drástica que pareça a solução, ela não seria nova para os homens. Ao longo da História ela tem surgido e a última, a chamada Grande Mundial, deixou este problemático Globo com uma certa margem de manobra quanto a construir um espaço novo para haver trabalho para muito mais gente.
Bem sei. Não é preciso que me venham com comentários de que eu pareço doido. É óbvio que, só ao falar de guerra, toda a gente se levanta escandalizada. Mas digam-me lá se têm outra forma de acabar com o dramático desemprego e com todas as injustiças que o excesso de população provoca, desde o Pólo Norte e até ao do Sul? Para além disso, se não é em guerra que vivemos há imenso tempo, não é embrenhados em guerrilhas permanentes que somos forçados a aceitar, sejam chamados terroristas ou outra coisa qualquer?

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