quinta-feira, 16 de julho de 2009

PRESIDENTE PRECISA-SE...


A entrevista que Santana Lopes concedeu na televisão, agora como candidato à presidência do Município lisboeta, mostrou um político que não tem muito a ver com a ideia que dele se fazia quanto à sua personalidade. Pelo menos foi o que eu achei, admitindo, no entanto, que esta minha visão não coincida com a que todos os espectadores tenham retido.
Eu esclareço. Caiu bem que o candidato tenha afirmado que não iria fazer referências às actuações dos anteriores responsáveis da Câmara Municipal e, nesta sua presença, teve o cuidado de não agredir o outro concorrente, António Costa, assim como se absteve de criticar o presidente que o antecedeu quando ocupou aquele lugar e com quem, segundo parece, não mantém muito salutares relações.
Em resumo, pois: não sendo habitual assistir-se a comportamentos públicos dos políticos que não são capazes de se abster de fazer más referências às actuações dos que se situam em plataformas diferentes, tendo visto Santana Lopes, que, por sinal, ainda mantém a imagem de “Play boy”, mesmo já não se encontrando em idade para exercer esse cognome, foi agradável poder verificar que algo de diferente foi dado assistir no panorama político português. E, para além disso, não é possível esquecer que o então presidente camarário da cidade não foi capaz de solucionar o problema do Parque Mayer e deu um passo mais longo do que perna, tendo encarregado um arquitecto de nomeada, é certo, para efectuar o plano da reestruturação do local, o que custou uma fortuna, para tudo ter ficado em águas de bacalhau. Foi uma decisão apressada daquelas que não podem tomar os responsáveis por um lugar. Isso conta a seu desfavor.
Seja como for e como o que interessa é ter confiança sobre o que pretende fazer por Lisboa no lugar a que concorre nas próximas eleições autárquicas, a verdade é que não dei conta de que o seu programa ofereça completa garantia de que, nesta capital tão necessitada de intervenção para recuperar o mínimo de condições para nos dar a nós, alfacinhas, o mínimo de contentamento, o que me deixou foi a dúvida quanto à escolha que devo fazer na data eleitoral.
É certo que o actual detentor da presidência, António Costa, não mostrou, até agora, ter feito grande coisa para que a bela capital portuguesa tivesse dado já os primeiros passos para sair da modorra em que tem andado há imensos anos. Bem sei que se queixou sempre da debilidade financeira que se vive dentro da Autarquia e que não conseguiu obter a maioria de votos para lhe ser permitido efectuar os empréstimos bancários que considera essenciais. E sem dinheiro não é fácil dar grandes passos. Mas, perante outras opções tomadas, entre elas a das obras no Terreiro do Paço, estas que estão a ser realizadas, as quais eu considero não serem as correctas (e já há largos anos e por várias vezes as minhas preferências), há que levantar suspeitas sobre António Costa, se será ele a pessoa ideal para tomar as rédeas do poder alfacinha.
O panorama mostra, assim, duas escolhas possíveis. No caso do elemento socialista, mesmo tendo agora António Costa feito um acordo com Helena Roseta - o que não me parece grande escolha -, o problema também se liga ao resultado das eleições legislativas, sendo necessário saber se o Governo actual se mantém ou se haverá modificações e, nesses caso, o PS deixará de ser o partido prioritário (e o contario também se pode admitir, ou seja se for o PSD a vencer as legislativas as inclinações autárquicas também caiam no PS). É admissível pensar que, sendo LIsboa uma autarquia excepcionalmente importante, a mesma procure fazer a escolha ao contrário do que ocorre na área governamental.
Deixo aqui, portanto, uma chamada de atenção. Está em causa uma situação que muito interessa a todos e não só aos lisboetas. É a capital do País que se encontra a aguardar por uma mão de enorme capacidade imaginativa e operativa, por forma a recuperar a beleza natural que possui e tirando todo o partido da sua posição geográfica, com um belo rio a seus pés, as sete colinas a prestarem-lhe mudanças de fisionomia, uma Baixa que lhe foi deixada por um grande amigo da cidade, Marquês de Pombal, e os bairros antigos que, se se encontrassem noutra cidade europeia, seriam aproveitados em todo o seu esplendor, juntando o velho com a modernidade, como se encontra, por exemplo, nalgumas cidades italianas.
Eu tenho esperanças de que surja, ainda no meu tempo, um homem que seja possuidor da capacidade suficiente para dar a volta indispensável à nossa linda Lisboa.
Será Costa? Será Santana? Será outro? Aguardar e ter esperança é sempre o fado do lisboeta.

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