domingo, 19 de julho de 2009

JARDINAGEM EM CUECAS



Eu já tinha resolvido não me referir a esse homem que comanda na Madeira, pois os seus modos completamente totalitários, insultuosos perante tudo com que não concorda, mesmo quando terá razão, e demonstrativos de que abomina a Democracia, tudo isso, aliado a uma imagem que, dentro da estética, também não apetece observar, determinou que o ignorasse, pura e simplesmente.
Mas manda a verdade dizer que metermos a cabeça na areia sempre que surge alguma figura que agride os princípios fundamentais das liberdades mínimas é abrir-lhes campo de acção em que eles se deliciam e continuam a proceder dentro de comportamentos que têm, no mínimo, que ser rebatidos.
A última do homem que leva o nome de Alberto João Jardim e que se saiu agora com a declarar que a posição comunista, como partido político, deveria ser proibida no nosso sistema constitucional, alegando, e aí com razão, de que se o fascismo está contemplado nesse conjunto de leis básicas nacionais e é proibido, então também aquilo que ele considera ser o antagónico político, o comunismo, também não deveria ser permitido. É bizarro, totalitarista, mas não eia de ter lógica, embora reprovável.
Ora bem, como princípio de falta de liberdade de exercerem a sua crença política de todos os grupos que entendam praticá-las, é certo que não sendo autorizadas as que se situam num dos lados do panorama, então as outras, as que tomam acento na ponta adversa, também não terão razão de existir.
O que está mal, para quem acredita na completa liberdade de ideias, sejam elas quais forem, desde que sejam praticadas sem interferir na mesma liberdade de todas as outras, por mais contrárias que sejam, não existe razão democrática para não serem autorizadas nas sociedades que se dizem e são abertamente livres. E, no caso do Partido Comunista Potuguès, é fundamental não riscar da História que, durante o período salazarista, foi esta força, durante muito tempo a única, que lutou e sofreu por mostrar a sua actividade persistente contra o regime que vigorava.
Custa, de facto, assistir, em pleno ano 2001, a confrontos entre agrupamentos, políticos ou não, que se digladiam apenas porque pensam ou têm gostos antagónicos. São necessários muitos anos de prática democrática para se poder constatar que as populações cumprem basicamente as regras de aceitação dos pensamentos alheios. E o que se verifica passar-se, neste momento, na Irlanda, em que os cidadãos cristãos atacam os outros também cidadãos, mas protestantes, por não aceitarem a existência dessas gentes, essa atitude é, a todos os títulos, reprovável. E o Vaticano não deveria ficar calado perante estas demonstrações de mau comportamento.
Ora, pretendermos que Alberto João Jardim seja capaz de aceitar a existência de práticas políticas com as quais não concorda, é o mesmo que esperar que, na Madeira, se passe a viver, em todas as áreas, numa confortável convivência dos que aceitam os modos e os procedimentos do seu Presidente com aqueles que o consideram um bizarro ditador. Estes últimos são considerados madeirenses de segunda e terceira ordem e nunca com seguem levantar a cabeça na sua própria terra. Há que esperar como sucedeu com Salazar: por uma cadeira.

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