quinta-feira, 25 de junho de 2009

MUDANÇA




Mas qual mudança, qual carapuça! Aquele José Sócrates continua na mesma, convencido de que ele é que sabe e que todos os que não concordam é que estão enganados. E o resto é pura conversa!...
Persistindo em aparecer, em que os seus modos, os seus gestos, com as mãos a fortalecerem as afirmações, e a consistência nas aprovações dos actos do seu Governo, em nada mudaram, essa mística que correu para aí de que o primeiro-ministro teria adoptado uma nova faceta, dando mostras de humildade e de arrependimento pelo modo como se comportou ao longo da legislatura que está próximo de terminar, tal falácia não passou de um desejo dos que ainda mantém alguma esperança de que uma reviravolta se tinha operado na cabeça daquela personalidade.
Mas não parece muito fácil que um vaidoso, um totalmente convencido que o seu caminho é sempre o certo, por muito que um acontecimento venha quebrar um pouco essa teimosia, não é normal que um indivíduo com tais característica seja capaz de se contemplar com tranquilidade e, de moto próprio, se auto-convença que necessita de alterar o seu estilo e de, nem que seja apenas para dar mostras no exterior, tentar convencer que não é exactamente o mesmo que se mostrava antes.
O inesperado - pelo menos para ele - resultado nas eleições europeias e a necessidade de reconhecer publicamente que o PS tinha dado mostras de uma quebra de força no ambiente nacional, apesar dessa circunstância, a verdade é que não foi suficiente para levar Sócrates a tomar as medidas que se impunham para tentar recuperar uma parte importante desse eleitorado. E uma das atitudes seria a de empreender acções que dessem bem nas vistas, sendo uma delas a de mudar espectacularmente de estilo nas discursatas que tanto gosta de fazer, a torto e a direito, sempre com o propósito único de se bajular a si e ao que fez o seu Executivo.
A outra medida que poderia ser levada a cabo – se bem que, há que reconhecê-lo, acarretasse uma enorme dose de dificuldades entre elas a de não encontrar substitutos, a tão pouco tempo de distância de não haver a certeza de o mesmo Executivo venha a repetir a sua actuação -, um outro gesto de grande importância eleitoralista seria a de substituir ou anunciar a substituição nesta altura, dos ministros que maior desagrado provocaram no decorrer da suas actuação. E esta teria de ser também uma medida em extremo de causa, mas quando as previsões não são muito optimistas, se Sócrates não estivesse tão convencido de que vai conseguir ultrapassar a prova a que se vai sujeitar, certamente que daria tal passo, fossem quais fossem as dificuldades e as consequências. Pelo menos admito a possibilidade.
Depois da entrevista concedida por Manuela Ferreira Leite à SIC, em que o estilo utilizado permitiu a possibilidade de comparar com a forma usada por Sócrates, independentemente de a situação do País poder vir a melhorar ou não, após essa demonstração e sem interferir na opinião qualquer influência de tipo partidário, tenho muitas dúvidas de que a opção pública não comece a deteriorar-se em relação ao secretário-geral do Partido Socialista. Parece-me evidente, mas até ao lavar dos cestos…
E quando me arrisco a dar mostras desta minha opinião, é porque estou convencido de que a oportunidade política de José Sócrates está a terminar talvez definitivamente, caso não consiga recuperar da derrocada que ele não preveria. É que, dentro do próprio P.S., já não poderá ser assim tão grande o apoio que poderá vir a obter, dado o desconsolo que é constatado um pouco à voz baixa.
Tenho pena de ter chegado a esta conclusão, mas, realmente, quem fecha os ouvidos e os olhos ao que já não pode ser escondido, como é o caso do que venho apontando, é porque, pelo menos esta impressão já não se consegue disfarçar: a de que Sócrates está a ensaiar o seu suicídio político.

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