quinta-feira, 28 de maio de 2009

SÓ 10 MILHÕES DE EUROS!!!




Oliveira e Costa foi, a seu pedido, à Comissão de Inquérito da Assembleia da República para apresentar as suas razões em relação ao caso do PBN e, numa longuíssima exposição, pretendeu explicar muitas das situações que foram criadas e enfrentadas ao longo da existência da instituição bancária, surgindo, perante este panorama, para além da acusação directa ao comportamento de Dias Loureiro, o ainda Conselheiro de Estado, e de outras personalidades, incluindo accionistas do Banco em causa, que ele chamou de “grupo dos 10”, mas deixando a impressão de que se excluía de qualquer responsabilidade no que respeita aos acontecimentos no interior daquela instituição bancária. Foram expostos muitos problemas que merecem ser averiguados profundamente para que sejam encontrados os verdadeiros culpados e, face a isso, de uma vez por todas se verifiquem as punições que raramente são aplicadas quando se situam nas áreas de “colarinhos brancos”.
Teria valido a pena que Oliveira e Costa, em lugar da canseira que representou para ele e para quem o esteve a ouvir, a leitura mal entendida de um texto durante cerca de 3 horas, tivesse entregue anteriormente toda a declaração aos membros do Conselho de Inquérito, o que teria permitido estarem já as perguntas formadas pelos inquiridores e sendo mais fácil apontar apenas as questões que mereciam maior atenção.
Seja como for, o que não parece oferecer dúvidas é que o objectivo prioritário de Oliveira e Costa, que na primeira apresentação aos interrogatórios que existiram antes de ter sido condenado a prisão preventiva, que se encontra a cumprir, se manteve em silêncio, era agora ter-se prontificado a desmentir algumas das afirmações prestadas por outros intervenientes que compareceram dias trás.
O que também há que sublinhar é que, tendo-se desculpado com diversos argumentos de muitos factos que são apontados como causadores da situação fraudulenta que motivou a actuação governamental de meter mão no assunto, em nenhuma parte da longa leitura de Oliveira e Costa se ouviu declarar-se também principal conivente nas acções que contribuíram para a situação negativa de mil e setecentos milhões de euros a que o BPN chegou, como anunciou agora o sector oficial, que declarou não ir despender um cêntimo em indemnizações ao actual detentor das acções daquela instituição.
Não restam dúvidas de que decorrem actualmente na opinião pública casos e declarações que, pelo menos nisso, distraem os cidadãos para o problema principal que nos rodeia e que é o de mais difícil solução. Quer Marinho e Pinto, o Bastonários dos Advogados que manteve uma discussão acesa com Manuela Moura Guedes e deixou bem claro que não tem “papas na língua”, quer agora Oliveira e Costa, ambos, e não só, dão mostras de que este País caiu nas mãos de sorvedores de dinheiro mal ganho, o que constitui um verdadeira afronta em relação ao estado em que se vive neste Rectângulo.
E, a propósito, os dez milhões de euros que foram exigidos e recebidos por Miguel Cadilhe, quando lhe foi entregue pelo Estado a conduta do BPN por alguns meses, o que resultou num salário de mais de 60 mil euros por dia (!), esse gesto também não esconde como os “espertos” fazem facilmente fortuna. Afinal, Oliveira e Costa foi mais comedido. “Só” recebeu duas vezes e meia menos pelos dez anos que se encontrou à frente do Banco – disse ele!.
Enfim, é este o País onde vivemos. Que se pode fazer?

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