sexta-feira, 15 de maio de 2009

JORNAIS



Quem, desde que se interesse pelo que se passa à sua volta ou mesmo mais distante, é cliente habitual dos jornais, os diários e os outros, e, num momento em que é forçoso fazer contas antes de se dirigir ao quiosque que vende publicações, como todos os dias faço, entende que se tem de enfrentar a realidade e reduzir o seu consumo, nesta altura da crise vê-se forçado a diminuir o gasto desse “pasto espiritual”, como lhe chamava um amigo que também era habitual consumidor de tal alimento.
Verdade seja, há produtos que se podem considerar mais de primeira necessidade do que os periódicos noticiários. Por isso, em plena época de redução de despesas, catalogando o que se gasta e que pode passar a ser omitido dos costumes, esse dispêndio situar-se-á numa primeira fila, até porque, mesmo que não seja do agrado, sempre se pode recorrer à análise dos computador e buscar aí as noticias que saem diariamente. E que muita gente já se encontra nessa situação e deixou de considerar indispensável adquirir um, dois ou três periódicos, essa demonstração tenho-a eu através das queixas que passaram a fazer parte da conversa do João, o proprietário do quiosque que me atende há anos, que pinta sempre o panorama que está a viver, apontando os diversos títulos e enumerando a quantidade de invendidos que está a devolver diariamente aos distribuidores. E, segundo a sua descrição, é cada vez maior o monte de jornais e revistas que voltam para trás por não encontrarem compradores.
Os editores de periódicos lá vão inventando acessórios para juntar às suas publicações, por forma a tentarem os leitores a escolher os seus títulos. E, segundo o João, é cada vez mais difícil arranjar espaço para guardar os copos, os talheres, os dvd, os volumes que são oferecidos e todo o tipo de outras bugigangas, não sendo por aí que se conseguem aumentar as tiragens daqueles títulos que não conseguem convencer os leitores fugidios.
Por outro lado, embora esse aspecto não seja, por completo, do conhecimento do público, a publicidade, que é o suporte mais importante nas receitas dos meios de comunicação, incluindo, está bem de ver, a televisão, tem vindo a reduzir-se de dia para dia, o que obriga a que cada um procure defender-se como pode e recorra a preços mais baixos e, sobretudo, as ofertas de bónus constituam uma maneira de atrair a canalização dos anúncios, mas mesmo assim está a ser cada vez mais difícil suportar os gastos que cada empresa do ramo tem de enfrentar.
Só quem já passou pelo calvário de pretender aumentar as vendas ou as audiências televisivas ou radiofónicas é que pode compreender a angústia de, por lado, não faltar a prestar o serviço informativo credível e, por outro, não entrar em manobras escuras de atrair esse público, seja a que preço for, incluindo o campo das difamações, das mentiras jornalísticas e dos escândalos.
Por aqui me fico. Deixo à imaginação dos meus leitores o porem-se no lugar dos responsáveis pelos órgãos de comunicação. E, nesta fase de crise profunda, não vale a pena pôr mais na carta, dado que todos compreendem o que representa a necessidade de fazer com que o dinheiro dê para suportar os gastos mensais obrigatórios…

Sem comentários: