quarta-feira, 27 de maio de 2009

ELEIÇÕES Á VISTA



Inegavelmente confundido no que diz respeito à escolha que me cabe fazer nas próximas eleições, em que os portugueses têm o dever de pensar seriamente nas preferências que vão assumir em três eleições, na que diz respeito aos representantes nacionais no Conselho da Europa, na do capítulo de apontar os responsáveis camarários e, acima de todas essas opções, na que se refere aos governantes que poderão vir a assumir a condução política de Portugal, repito, seriamente preocupado com a obrigação de ter de depositar os meus votos nas urnas, com o intento de errar o menos possível, com o tempo que vai faltando para enfrentar essa melindrosa acção, cada vez me encontro mais distante de ser capaz de acreditar que esse meu gesto irá ser o mais adequado.
É que, em cada zona que se situa na área abrangida pelos votos, com o tempo que vai avançando deparo sucessivamente com erros, falta de profissionalismo, ausência de bom senso, exibições de vaidades caricatas, gastos consentidos em todo o País e por determinação de diferentes poderes, mesmo locais, e em situações que não se podem considerar como inadiáveis, ausência de atribuições bem estudadas, a todos os níveis, de responsáveis, pois que se continuam a esconder as faltas dos culpados directos em cumprir mal as suas obrigações, teimosias em manter determinações equivocadas, mesmo que sejam audíveis as reclamações populacionais que já não escondem o seu descontentamento de Norte a Sul do País, ainda que não assistamos a propostas concretas que sejam convincentes.
Enfim, chegámos a uma altura em que a confiança se encontra completamente perdida e a esperança já só existe nas cabeças dos privilegiados, que esses ainda por aí existem e sabe-se, de uma forma geral, quem são, os que auferem pagamentos de ordenados que são inadmissíveis num País afogado em dívidas, como é o nosso. O que é de recear é que, por este motivo, as massas não venham a mostrar grande entusiasmo em se deslocar aos pontos da votação e esse é o grande perigo, porque as abstenções podem resultar num panorama posterior de ingovernabilidade que é, por sinal, o que os escolhidos até preferirão, dado que as condições actuais e as mais graves ainda que se aproximam podem servir de desculpa para a falência completa de um País que se arrisca a bater no fundo e a não ser capaz de voltar à superfície.
É que, para tentar pôr de pé o que se encontra doente com pouco remédio para salvamento, pode-se, apesar de tudo, esperar que algumas falhas perigosas em que nos meteram sejam solucionadas, por exemplo que a Justiça consiga vir a desempenhar o seu papel com absoluta justeza em todos os seus aspectos e que terminem, de vez, as demoras e as soluções revoltantes que têm marcado a actuação dos Tribunais. Será um passo positivo, se bem que não chegue para pôr em ordem todo o conjunto de maleitas que nos invadiram.
Passarão as escolas, especialmente as primárias (e continuo a chamar-lhes desta maneira, porque isso dos ciclos não melhorou em nada o ensino), a colocar nos estudos secundários os rapazes e raparigas devidamente preparados, como sucedia no tempo das gerações de há 40 e 50 anos, sobretudo quando o que seria necessário, nesta altura precisa que atravessamos, era ensiná-los com convicção como se deve praticar a Democracia?
Seremos capazes de resolver à distância problemas de enorme urgência, como é o da falta de médicos por todo o País, sobretudo no interior, deixando, como se encontra, a população mais carenciada desprotegida de saúde, mesmo que seja, por agora, com a contratação de técnicos estrangeiros, já que não se foi capaz de prever durante anos a fio que havia que tomar as medidas essenciais na Faculdade de Medicina?
Conseguiremos caminhar seguramente para o terminus do desemprego que grassa já a níveis de transformar a população nacional em pedintes que não conseguem sobreviver com a miséria em que se encontram já a viver?
Acabarão as falências sucessivas que se vêem por toda a parte de tantas empresas grandes, como sobretudo pequenas e médias?
Haverá esperanças de que iremos assistir a um corpo governamental de confiança, formado por políticos, para além de honestos, sobretudo competentes?
Chegará algum dia um Parlamento cuja composição não seja formada por elementos que só ali se situam para garantir uma reforma confortável e passar uma temporada a descansar em bons cadeirões e a fazer telefonemas e a entreterem-se no computador, nos intervalos em que não fazem a sua soneca, deixando os que ali estão para isso, a atacar de viva voz, mas sem resultados práticos, os adversários de partido?
Será que o Governo que vier a tomar posse não insistirá na loucura de endividar ainda mais Portugal com obras transcendentais que, por muito úteis que venham a ser no futuro, também deixarão os cidadãos de amanhã com encargos muito difíceis de liquidar?
Mas quanto ainda mais poderia aqui deixar neste texto, no capítulo da dificuldade em fazer a cruz nos boletins de voto com o mínimo de consciência que se tratou do mal menor. Mas a verdade é que os portugueses, precisamente por se estar a atravessar um período de muito difíceis, quase impossíveis, soluções, é que todos os portugueses devem analisar bem as suas consciências e não ficar em casa à espera que outros façam por si o que lhes compete. Que é votar!
Temos todos de tomar consciência de que o que corre enorme perigo, tanto por cá como noutros países onde já se começaram a verificar desacatos populares, é a própria Democracia. E a História já nos ensinou, mesmo no nosso corpo, como custa estarmos sujeitos a uma Ditadura…

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