sexta-feira, 22 de maio de 2009

A CÃMARA DE LISBOA QUE NECESSITAMOS


No grupo de eleições que, este ano, vão ocorrer por cá, as municipais também fazem parte da possibilidade dos cidadãos participarem na escolha dos seus candidatos preferidos. E, naturalmente, o caso de Lisboa pertence ao conjunto que poderá manter-se como se encontra agora ou ser modificado se os eleitores assim o considerarem útil.
Ao longo dos vários anos que ocorreram depois da Revolução – e já antes constituía uma preocupação minha muito própria -, tenho, dentro da minha capacidade de contribuir com as minha opiniões escritas, feito as minhas críticas mas, sobretudo, apresentado várias propostas que, na maioria das circunstâncias, não foram levadas em consideração por quem se propunha encabeçar a presidência municipal. E, desde o ter-me atirado ao saudoso (como pessoa) Kruss Abecassis, pela ideia e concretização daquele monstro em pleno Martim Moniz, do centro comercial destinado a chineses, indianos, gente das áfricas e muita variedade de contrabandistas de produtos escusos, o que o fez amuar comigo durante algum tempo, até outras medidas tomadas por diferente camarários que deram provas de total falta de imaginação e bom gosto, a tudo assisti e a todos dediquei as minhas profundas discordâncias, sem que, na maioria dos casos, tivesse assistido a uma confissão de que, realmente, tinham enveredado pelo pior caminho e que quem pagou foi a nossa bela capital que, de dia para dia, tem vindo a ver estragada na sua beleza intrínseca.
A minha cansada luta para que o Terreiro do Paço, começando por expulsar dali os vários ministérios que deveria ser colocados num só local que, como sucedeu em Madrid, é chamado de “Barrio de los Ministerios”, substituindo-os por hotéis de charme que se encarregariam de colocar aquela zona dentro de um movimento de qualidade que é o que falta em toda a baixa lisboeta – o que, bem sei, é uma medida que pertence ao Governo tomar, mas que acabará por ser encarada, espero -, nesta altura o que se vê aos domingos é, nas arcadas da Praça do Comércio, uma série de vendedores ambulantes de produtos que ali ficam bem, como selos, moedas e outros artigos que mostram o nosso artesanato, mas que mereciam que as suas ofertas ao público fossem feitas em embelezadas mesas, ao mesmo tempo que seria agradável que se instalasse uma música própria da nossa cidade, o que prestaria um ambiente de gosto apurado. O que é preciso é só bom gosto e imaginação.
Agora, a notícia que surgiu de que não tinha sido levada em consideração a instalação de um bonito e confortável hotel de charme no lugar onde esteve, durante décadas, o tribunal da Boa-Hora, esse medo de proceder a mudanças que distingam o centro da capital e o torne bem visível aos nossos visitantes estrangeiros que levam sempre lá fora a ideia de que Lisboa não tem vida e que é uma cidade triste, apesar de ter todas as características para ser considerada como uma das mais belas da Europa, esse passo atrás dado pelos “chefes” que temos e que não são capazes de dar mostras de desenvoltura de imaginação, colocou-nos, de novo, no marca passo que insistimos em manter e de que não somos capazes de nos libertar.
Estas e outras medidas que podem ser levadas a cabo sem necessidade de dispêndios dos nossos fundos, porque há sempre empresários, nacionais ou estrangeiros, que estão dispostos a arriscar em iniciativas que prometem lucros, continuam por não ser encaradas.
Vamos a ver o que nos oferece de novidade o resultado do próximo movimento eleitoral para a Câmara de Lisboa. Estamos condenados a repetir sempre o mesmo prato, mesmo que estejamos enfartados com a comida enjoativa que nos é oferecida?

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