segunda-feira, 27 de abril de 2009

SE EU MANDASSE!


Se me tivesse calhado a mim a incumbência de ter entrevistado na SIC, como ocorreu recentemente, o político José Sócrates, talvez tivesse incluído nas perguntas apresentadas alguma coisa que se relacionasse com o que exponho abaixo e teria ocasião de o envolver na questão que está agora na boca de muitos portugueses: “Se fosse eu que mandasse, o que é que fazia?” Mas fica apenas a ideia da reacção do primeiro-ministro perante o problema que lhe fosse posto desta maneira. O resto é com a imaginação de cada um. Também não faço ideia da sensação que provocaria se, no discurso do 25 de Abril do Presidente da República, a questão posta a seguir tivesse feito parte das suas palavras.
“Se fosse eu que mandasse”
A esta pergunta que é feita ao público desprevenido na rua, que é apanhado pelas câmaras da SIC, num programa intitulado “Nós por cá”, se me calhasse a mim responder claro que não o faria sem deixar bem explícito que não é apenas um simples ponto, aquele que nos interessa a título pessoal, o que merece ser posto aos membros de um Executivo que, como sucede agora, se encontram ocasionalmente a comandar as várias pastas que lhes estão distribuídas.
Posto este ponto de vista, vale a pena acrescentar que o que eu faria logo à partida era convocar um Conselho de Ministros para comunicar a todos os membros que, a partir daquele momento, seria exigida a maior responsabilidade a cada um dos detentores da diferentes pastas, sendo que igual posição deveriam tomar os ministros em relação aos seus subordinados. Acabariam ali as desculpas quanto a demoras na execução das obrigações de cada um, demonstrações de incompetência, desculpas de mau pagador no que dissesse respeito a chamadas de atenção por acções, atitudes e declarações proferidas fora de propósito e todos, na sua escala respectiva, ficariam, portanto, sujeitos a uma avaliação permanente e a ter de assumir a respectiva responsabilidade para efeitos de encontrar os culpados, se os houvesse.
Para além disso, cada Ministério deveria criar um departamento para atender as reclamações dos cidadãos que dissessem respeito ao seu pelouro e, ao mesmo tempo, passaria a existir um cuidado particular no que se referisse ao tempo que levassem as respostas respectivas a cada caso. Teria de ser uma secção com um certo poder de requerer a urgência no seguimento dos assuntos, devendo ter acesso ao Ministro respectivo no caso de se verificar mau atendimento dos temas reclamados. Mas, esta medida teria de ser comunicada de seguida aos portugueses, para estes tomares conhecimento de que os sues problemas, desde que transmitidos às instâncias respectivas, teriam tido andamento no mais curto espaço de tempo possível, com o objectivo de criar confiança aos cidadãos que, desde sempre e até agora, se queixam e com razão de que o Poder não cuida de manter os naturais do nosso País informados do que se passa e não respondem às suas queixas.
Ora aí está o que eu faria em primeiro lugar. Porque, dizer em meia dúzia de palavras aquilo que me competia executar se mandasse, com a vastidão de assuntos que aguardam que os poderes públicos olhem para eles e se envergonhem das más actuações que a cada passo se detectam, isso não será possível.
E era a partir desta medida que todo o resto seria desbobinado, se bem que, tanta e tanta coisa que está a pedir que os que têm obrigação de tratar bem deste País lhes dediquem a atenção necessária, não seria, logicamente, de um dia para o outro que se poderia assistir a uma mudança radical do sistema e, com isso, se passasse a ver tudo solucionado, mas era um começo para dar a volta por que se espera há imenso tempo.
É óbvio que uma atitude deste tipo impunha que, da parte do principal responsável pelo Governo, se verificasse uma absoluta coragem e a disposição para enfrentar imensas contestações, mas é para isso que existe o lugar de primeiro-ministro, e não para se manifestar permanentemente como um sacrificado e um perseguido.

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