sexta-feira, 13 de março de 2009

QUATRO ANOS DE GOVERNO



É mais do que evidente que, mesmo que este Governo tivesse actuado, durante o período de quatro anos em que decorreu o seu exercício e que terminou ontem. com a mais perfeita das condutas, não se livraria das críticas de que é alvo, as que lhe são feitas e outras que, por ventura, ocorressem ao restante leque político e, igualmente, por muitos dos cidadãos portugueses que sentem na pele os efeitos do mau momento económico e social que se vive.
É sabido que, quem se expõe, sobretudo por sua livre vontade, perante a crítica dos que têm de viver sob os efeitos da sua actuação, não tem de estranhar que haja quem se encontre na outra ponta das preferências e que, face a essa circunstância, não esconda a aversão que lhe vai nas entranhas. Na área da política e, claro, em democracia, as oposições que existem servem precisamente para dar mostras do seu pensamento adverso daquilo que o partido vencedor utiliza. Se sucedesse o contrário é que era para estranhar. Quanto à disposição por parte dos cidadãos comuns sem partidarismos específicos, são as circunstâncias de cada caso que levam a que existam os apoiantes da governação vigente ou que se revoltem quanto a medidas que lhes são desfavoráveis. É por isso que, as perguntas de rua feitas por algumas televisões sobre “o que faria se mandasse”, não têm outro resultado que não seja cada um expor aquilo que lhe convem pessoalmente e que não tem nada a ver com a necessidade de se efectuar uma governação que sirva toda a comunidade.
Mas, falemos, tão correcta e honestamente quanto possível, no que diz respeito à actuação do Executivo de José Sócrates ao longo destes quatro anos que agora ocorreram. É evidente que esta também é uma opinião pessoal e, portanto, sujeita à concordância ou não de quem ocupar o tempo a ler este blogue, mas, dado que me sujeito abertamente à crítica, não escondo aquilo que diria pessoalmente ao primeiro-ministro caso ele se dispusesse a ouvir o que um jornalista independente pensa da sua actuação.
Considero que este período passado e, sobretudo, a partir do momento em que se começaram a sentir em Portugal os efeitos da crise que já é por demais conhecida, não se pode considerar como o ideal para um grupo de governantes poderem brilhar com a forma de exercerem a sua actividade. Mas também, por outro lado, é nas alturas mais difíceis que os homens capazes têm ocasião para dar mostras das suas habilidades, não se refugiando nas dificuldades para complicar ainda mais o que já é complicado levar a cabo.
E, sobretudo, existindo a cedência ao princípio de que, com a ajuda dos outros, é sempre mais fácil solucionar os problemas e encontrar saídas para as questões complicadas, sabendo ouvir e acolhendo os conselhos de parceiros e até de adversários, não se escondendo atrás do malfadado orgulho que tanto ataca os homens vaidosos, dessa forma até as oposições são da maior utilidade, deixando-as fazer propostas e não temendo revelar que as ideias que tenham, por ventura, saído dessas áreas, foram ajudas preciosas e que são acolhidas com o maior entusiasmo.
Ora, nada disto fez o governo de Sócrates. Disso tenho de o acusar. Foi arrogante, mal disposto, pouco amigo de dar explicações, fazendo algumas más figuras, especialmente por parte de uns tantos dos seus ministros que têm deixado muito a desejar, prometeu o que não devia e que sabia que não podia cumprir, não actuou em certas áreas que se mostravam mais necessitadas de uma mexida profunda, como, por exemplo, a Justiça (insisto nesta zona que tantas vezes tenho referido nos meus blogues) como outras igualmente mal tratadas pelos poderes públicos, enfim, não tenho a convicção de que este Governo tenha utilizado os quatro anos de que dispôs com aquela competência que seria desejável, especialmente numa altura em que a situação se mostrava desconfortável aos portugueses, com todos estes factores negativos não posso deixar em claro que o grupo de Sócrates foi o culpado de não ter conseguido mostrar aos cidadãos nacionais que vivíamos um período de dificuldades e que não era aconselhável exorbitar das nossas baixas possibilidades.
Mas a pergunta a fazer é, afinal, bem simples: e nas eleições que se aproximam, em que agrupamento se encontra uma resposta que permita o mínimo de confiança para a escolha de um Executivo que substitua o PS? Os partidos de Esquerda, os mais débeis em adeptos, vão poder subir na escala de representantes, mas não o bastante para tomar conta de um Governo, pelo que só poderão servir para prestar apoio ao grupo vencedor que não tenha obtido maioria, e será provavelmente o PS. Mas, no cômputo geral, atrevo-me desde aqui e a esta distância a afirmar que talvez se ganhe alguma coisa com o facto dos socialistas não obterem de novo uma maioria consoladora. É que não deram mostras de saberem utilizá-la. Não tiveram a macieza suficiente para, mesmo com votantes bastantes para fazerem passar as suas ideias, mesmo assim saberem ouvir indicações, opiniões, conselhos, que só lhes ficaria bem reconhecer como válidos. E isso teria sido extremamente útil a Portugal. Vamos a ver o que a abstenção que tudo indica vai ser enorme, acabará por permitir que saia nas urnas.
Estão ainda longe. Pois estão. Mas é aconselhável ir pensando já nesse dia em que teremos que nos deslocar para colocar o nosso voto. Vai ser, desta vez, mais necessário do que nunca.



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