quarta-feira, 18 de março de 2009

MÁRINHO!...



A idade e a sabedoria acumulada pelo exercício da experiência colhida têm feito de Mário Soares uma personalidade que, os que o conhecem desde tempos remotos, os que conviveram com ele nas alturas da outra senhora, os que não é apenas pelo contacto eventual que ocorreu em determinada altura que têm alguma noção do que é o Homem que, hoje, com mais de 80 anos, ainda dá a conhecer os seus pensamentos, todos esses não podem deixar de admirar a sua capacidade de discernir sobre o que ocorre no nosso País e o que pode ainda vir a passar-se por cá, entre portas.
Eu, que sempre que me chega às mãos um escrito do antigo emigrante político, do participante activo das ocorrências logo após o 25 de Abril, do primeiro-ministro que foi alvo de algumas controvérsias pela ligeireza que demonstrava, aqui e ali, nas soluções dos problemas políticas e do Presidente da República que deu mostras da sua já posição de Estado e que conseguiu acomodar-se aos parceiros do seu partido e às oposições que faziam o seu papel, eu, que não deixo de procurar estar ao corrente das posições que toma Mário Soares, também agora que se situa numa situação de reserva de opinião, pois saboreio nesta altura, com acordos e desacordos, o que sai da pena do antigo secretário-geral do P.S. nos textos semanais do Diário de Notícias. E o que tive ocasião de apreciar ontem mostra que os seus 83 anos não pesam desfavoravelmente na cabeça do viciado da política.
Mas, digo isto porquê? Porque, em certa medida, nota-se uma certa equivalência entre aquilo que Soares pensa e o que eu tenho escrito nos meus blogues. Isso, no que se refere à apreciação do que tem sido feito por este Governo e, no essencial, por José Sócrates.
É óbvio que o antigo dirigente socialista não poderia pôr-se a discordar completamente com a maneira de actuar dos actuais governantes, mas não deixa de ser claro quando afirma que, sobretudo face à manifestação de protesto que ocorreu na sexta-feira passada, o Executivo deve ouvir com atenção e ponderar a indignação das pessoas, que vai crescer “não tenhamos dúvidas” e debater os fenómenos, as suas causas e consequências com os responsáveis dos partidos, em ambiente discreto. Para saber o que sentem as pessoas mais afectadas pela crise.
E não escondeu Mário Soares que não basta fazer uma viragem à esquerda no discurso político, mas torna-se necessário chegar às pessoas, aos desempregados, aos que estão em desespero com a falta de perspectivas e com os horizontes completamente fechados. E acrescenta: pondere-se nisso!
Mário Soares não esconde os conselhos e recorda que o diálogo é a maior forma de fazer acordos e de satisfazer contrariedades. Ora, isso é o mais tem faltado a este Executivo de Sócrates, figura que mostra sempre, pelo seu estilo de comunicar, que a razão pertence-lhe em absoluto, que não existem erros e enganos nas suas acções, que são os outros que estão enganados. Em vez de se penitenciar pelos maus passos e as más palavras que são originários do seu grupo governamental, o único que sabe dizer é que todos os demais navegam por mares errados.
Se, na actual vigência governativa, gozou da maioria absoluta e não a tem sabido utilizar, na próxima parada de governação, em que, atrevo-me eu a afirmar, não contará com tal regalia, vai ser o bom e o bonito.
Ou talvez, sujeito a acordos, a coisa possa correr melhor. Quem sabe?

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