domingo, 15 de março de 2009

2OO.OOO NA RUA A PROTESTAR



A manifestação que, organizada pela CGTP, conseguiu juntar no sábado passado, ontem portanto, segundo parece, cerca de 200 mil “protestadores” contra a actuação do Governo de José Sócrates, o que provocou o maior confusão no tráfego da capital, sobretudo na avenida da Liberdade e ruas transversais, não causou, no entanto, no ambiente governamental, aquela preocupação que seria de esperar, apesar de ter sido bem exposta nos órgãos de comunicação social.
Com excepção do ministro Santos Silva, que é a figura que tem sempre a seu cargo a defesa das acções do Executivo socratista e que, a seu modo, algumas vezes grotesco, salta com frequência para o ataque às forças políticas adversárias, essa figura, no programa da SIC feito em comunhão com o “Expresso”, lá mostrou alguma coisa tida como explicação quanto a essa gigantesca manifestação popular ou lá o que era.
O que parece que ficou evidente é que aquela caminhada de gente que gritou todo o tempo, tinha um adversário concreto: José Sócrates. As bandeiras e frases exibidas tinham, quase todas, um alvo explícito: o nome e até a cara do primeiro-ministro, apontado como o culpado maior da situação aflita que se vive em muitas classe populares, com particular destaque para o desemprego que grassa de Norte a Sul de Portugal. Isso ficou claro.
Embora eu sempre tenha sido desfavorável a todos os tipos de aglomerações de criaturas que pretendem clamar em uníssono frases feitas por outros para expor o seu descontentamento perante alguma coisa que não lhes agrada, visto não ser desta forma que se resolvem os problemas, dado que é à mesa das negociações, entre gente civilizada e disposta a aceitar as opiniões dos outros, quando são melhores do que as suas, que se podem chegar a acordos satisfatórios, pois, apesar desse ponto de vista que defendo, face ao estado a que chegaram as coisas perante um Governo maioritário que teve, mesmo que com as dificuldades encontradas – temos que as aceitar -, algumas oportunidades para ultrapassar problemas pesados, a verdade é que deixou agravar demasiado as situações, chegando-se ao ponto de terem sido criadas as condições para se verificar esta soltura de gente a clamar por justiça, tal como as que tiveram lugar com o caso dos professores, que já seria uma derradeira forma de mostrar que as coisas não podiam continuar como estavam e havia que as solucionar, ainda que com o desacordo explícito - dos governantes
A verdade, porém, é que o Partido Socialista, com um secretário-geral e, por via disso, também chefe do Executivo, não tem sabido satisfazer também as opiniões favoráveis da totalidade dos seus militantes, o que ocasionou até que um grupo de altos representantes do seu grupo, no qual se destaca Manuel Alegre, não tivesse conseguido disfarçar a sua discordância com determinadas atitudes que têm sido tomadas com origem no largo do Rato.
Ocorrendo tudo isto no mesmo ano em que se realizarão no nosso País as eleições que colocarão em lugares de importância política elementos oriundos dos partidos concorrentes, não pode José Sócrates andar conformado com a sua actuação, por muito que pretenda afastar-se em viagens tidas como políticas por países que não apresentam, nesta altura, motivo de urgência de maior. O que se impunha era tentar formas de solucionar as questões internas de extrema gravidade que ocorrem no nosso País.
Eu, por mim, já cheguei à conclusão de que, perante os comportamentos â que se tem assistido, os resultados eleitorais, no que se refere à Assembleia da República, portanto à posse no Governo seguinte, não retirarão ao PS o seu lugar de comando, mas, no que diz respeito a maiorias, essa posição é que não parece poder verificar-se de novo, pelo que as circunstâncias se apresentarão bem diferentes daquilo que até agora tem existido.
Corro um risco atrevido com esta afirmação, mas apenas me fio no, apesar de tudo, certo bom senso do ser humano, da população, dessa que, apesar dos desvarios que o Homem provoca com as suas ambições pessoais, sempre acaba por, quando se encontra no aperto, acertar com uma saída menos péssima.

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