segunda-feira, 2 de março de 2009

CARNAVAL FOI... CARNAVAL FICA!



Nesta altura em que já passou o período dito festivo do Carnaval e já tirámos todos as máscaras com que disfarçámos o nosso triste semblante de portugueses – isto para generalizar o significado de um período que, no que diz respeito a Lisboa, só se percebeu que não era umaa época igual às outras porque se entendeu criar um feriado que, anos atrás, Cavaco Silva, na qualidade de primeiro-ministro, se deu mal ao querer manter os portugueses no trabalho nesta altura –, agora já é possível falar e escrever sem termos que argumentar com a frase de desculpa “é Carnaval, ninguém leva a mal”.
Sendo assim, vou-me só referir a dois temas, ambos tendo sido chamados às páginas dos jornais na fase carnavalesca: refiro-me aos esplendorosos ordenados que paga a RTP a algumas das suas figuras de maior destaque e, sem vir nada a propósito, a esse não esclarecido problema do Parque Mayer e, por acréscimo, à empresa que tem estado sempre ligada ao assunto - a Bragaparques.
Tendo de estar a televisão suportada pelos dinheiros públicos, logo permanentemente sob o alegado controlo dos cidadãos portugueses, ao ser publicada a lista de pagamentos a vários dos seus funcionários, não pode deixar de provocar um escândalo, moral e social, ficar a saber-se que, por exemplo, um director de informação leva para casa, embora ilíquido, perto de 15 mil euros por mês, além de eventuais ajudas de custo(!), e que, por aí adiante, são dessa ordem os benefícios que recebem umas dúzias de outros empregados da mesma estação televisiva.
Claro que a posição mediática de que algumas dessas figuras beneficiam, sobretudo as que surgem com frequência nos écrans, lhes permite “vender” a imagem e a procura que, por parte de outras estações concorrentes, lhes pode ser proporcionada, permite aumentar o valor que é atribuído a cada caso. Daí as transferências que é vulgar ocorrerem e a RTP não está em condições de fugir dessas mudanças. Mas tudo tem o seu limite e, quando se trata de lidar com fundos que são oriundos do Estado, aí não é lícito que se entre nos jogos das mudanças de apresentadores, sobretudo se estes estiverem sob contrato como funcionários públicos.
O outro tema a que pretendo afluir no dia de hoje é o do arrastamento do caso Parque Mayer, este sim um problema que se pode classificar de carnavalesco, pois os milhões que já se gastaram com a pretensão de aproveitar aquele espaço lisboeta, de que Santana Lopes não tem condições para se desculpar, não podem continuar sob o segredo dos deuses e a arrastar-se a solução respectiva por mais anos. A pena agora aplicada, ao fim de três anos de processo a correr nos tribunais, ao administrador da empresa Bragaparques, com a acusação de corrupção, veio demonstrar que, no nosso País, se está condenado a vermos todos o tempo passar e as situações que são urgentes não encontrarem soluções e a arrastar-se de pais para filhos.
Então não é em regime de carnaval permanente que se vive nesta nossa Terra? Perante isto e tantos outros casos com que deparamos, não é motivo para admitirmos que a "ponte" que foi concedida para alargar o período carnavalesco se prolonga pelo ano inteiro e deixa os portugueses a sonhar com uma rebaldaria permanente?

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