quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

TARDE PIASTE!...




O antigo Presidente da República, general Ramalho Eanes, não hesitou ontem em afirmar publicamente que os portugueses andam com medo, que especialmente olham para o futuro com pavor de que o mal que nos envolve nos dias de hoje, com essa crise que ataca em cheio, ainda se mostre com maior vilania nos tempos que se aproximam. E, como costumam fazer certos indiferentes com o futuro, não faltará quem apelide o homem que, sendo um militar que terá alguma experiência de contenção nas palavras e algum conformismo em face das desgraças que estejam à vista, não poderá ser considerado ligeiramente de pessimista.
Eu, por mim, classifico-o de cauteloso e previdente. E, sem recorrer a alarmismos, acho preferível antecipar os acontecimentos com certa dose de realismo do que ser apanhado de surpresa e só depois é que valha-nos Deus!
A minha crítica ao Governo de Sócrates sempre foi a da ausência de uma verdade límpida a ser comunicada aos portugueses, pois que os fenómenos a que o Homem está sujeito e que, muitas vezes, são consequência sobretudo do seu próprio mau comportamento, esses, em lugar de serem disfarçados ou até escondidos, o que sim devem é ser expostos aos cidadãos e ser mostrada uma vontade e uma competência bastantes para suprir ou diminuir os efeitos maléficos desses acontecimentos. Volto a usar neste blogue a expressão crise financeira, económica e depois arrastada a social, para referir a “peste” que chegou a todo o mundo e que foi sendo contemplada à medida que avançava por diversas zonas terrestres, não podendo ser considerada uma surpresa quando arribava a um país concreto. No que a nós se refere, o Executivo de Sócrates não tinha que ir olhando para o lado e, sacando do seu desejo de que nos “safássemos” desse vírus, ter andado a considerar um mal menor de que Portugal se livraria quando cá chegasse.
Agora, de repente, entende que já é altura de lançar avisos, muito embora o que merece é que os portugueses lhe contestem com um “tarde piaste”, pois que, nesta altura, não precisam que venha ninguém mostrar-lhes o que estão a sentir na pele.
Agora já se tornou público que, mesmo dentro do PS, existe medo. E por muito que a propaganda de Augusto Santos Silva faça esforços para pôr água na fervura”, vários receios se levantam, por motivos internos, mas também em relação ao panorama que surge num período que antecede eleições de vários tipos e isso, há que reconhecê-lo, terá influência na escolha que o povo irá fazer no momento de deitar na urna o resultado da sua escolha.
Por pouco tempo que reste de hoje e até ao momento eleitoral, nunca é excessivamente tarde para lançar mãos à obra e para se colocar a população perante os factos concretos. O tarde piaste é que já não serve para nada!

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