domingo, 21 de dezembro de 2008

INGRATOS!




“Há sempre gente que não acha nada suficiente” – esta a frase que José Sócrates soltou aquando da cerimónia de lançamento da primeira pedra do Espaço Miguel Torga, na terra natal do saudoso poeta e escritor, que também foi médico em Coimbra e que, enquanto vivo, sempre foi ele próprio a editar os seus livros que, após a sua morte, já mereceram a atenção de editores profissionais.
Mas falemos do primeiro-ministro. As minhas críticas ao detentor do cargo máximo do Executivo vão dirigidas, acima de tudo, às suas declarações cada vez que resolve botar “faladura” e cujos tons e palavras, tenho que reconhecer, brigam com o meu sentido de estética. Bem sei que, no lugar que ocupa, não é fácil agradar a todos e também há políticos que dominam a arte de expor as suas ideias e nem por isso são acolhidos por maiorias de eleitores. Lembro-me, por exemplo, de Paulo Portas que, inegavelmente, tem um grande poder de palavra, mas que cada vez conta com menos adeptos ao seu Partido.
Mas, já que Sócrates goza de boa pontuação nas sondagens que têm sido feitas quanto à sua posição na escala dos mais admirados, até por isso deveria ter alguém que o aconselhasse a não ser tão admirador de si mesmo e do seu Governo, pois na situação actual do País, no plano financeiro e económico, para não falar no social, reconhecer que se praticam erros, que nem sempre se acerta nas decisões tomadas e, acima disso tudo, ter a maior das atenções quanto ao que fazem e dizem alguns dos seus ministros, todo esse conjunto de actuações não ficariam mal, antes pelo contrário, ao que exerce as funções de responsável máximo pelo bom e pelo mal que, politicamente, ocorre no nosso País.
Sócrates faria bem em tomar atenção às críticas que lhe são dirigidas e, caso fosse isso, reconhecer, aqui e além, que as Oposições têm a sua utilidade e seria até muito simpático se surgisse, de vez em quando, a dar, publicamente, a mão à palmatória, aplaudindo esta ou aquela ideia que tivesse origem fora do seu grupo governamental.
Mas isso, tenho de o reconhecer, é uma postura que os portugueses raramente tomam. Custa-lhes muito abdicar dos seus propósitos e agarrar as sugestões que não venham do seu próprio umbigo.
Por isso, talvez tenha a sua utilidade não se ser sempre vencedor em política. Só que não se vislumbra, no panorama actual dos partidos, quem esteja em condições de tomar conta deste barco que mete água por todos os lados. E os portugueses lá continuarão a fazer esforços para alimentar as esperanças, embora cada vez mais ténues, de ainda poderem gabar-se um dia de contarem com governantes de uma Pátria onde vale a pena viver.

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