quarta-feira, 12 de novembro de 2008

UM PAÍS DE CASOS




Estamos numa altura em que, todos os dias, acontece alguma coisa que extravasa os hábitos de tranquilidade que se tinham noutros tempos. E quem não anda completamente ao corrente da evolução da vida na nossa Terra, chega a acumular casos e a fazer confusões de nomes e de situações, misturando já tudo e metendo os pés pelas mãos.
Por isso, quem vai seguindo os meus blogues, talvez fique satisfeito pela selecção que faço no prosseguimento diário das “broncas” que se vão sucedendo. E já quase não tenho espaço para abarcar todas as mais importantes, para não falar do cuidado que ponho em não repetir temas já referidos, a não ser quando os folhetins vão aumentando de interesse e os seus autores vão acrescentando mais este ou aquele pormenor que merece ser divulgado.
Por hoje, ataco duas situações que, não se tratando de um grande “furo” que nos deixe de boca aberta, representam, pelo menos, o estado a que se chegou na desvergonha de comportamentos que já nem são limitados a pessoas que não têm responsabilidade na vida pública portuguesa. O primeiro a merecer a referência da minha atenção diz respeito a duas personalidades que deveriam ter mais cuidado nos seus procedimentos, para não dar razão ao dito tão antigo de que não é preciso só sê-lo, também importa parecê-lo. E se não é bem assim, pelo menos é parecido.
Ora, aquela do ministro da Economia, Manuel Pinho, que, na altura, detinha um alto cargo no BES, ter passado uma procuração com plenos poderes para compra/venda de um prédio em Lisboa, isso na hora em que o nomeado procurador, Manuel Sebastião, fazia parte da equipa de administradores que acompanhavam Vítor Constâncio no Banco de Portugal, passando agora a desempenhar as funções de presidente da Autoridade da Concorrência, essa atitude que, tratando-se de dois portugueses comuns, não mereceria qualquer comentário – a não ser fazer a estranheza da procuração, quando os dois estariam na cidade e não havia necessidade de um deles se esconder -, ao ter sido levada a cabo por quem foi, merece, isso sim, no mínimo que seja um acto tornado público. E que nos interroguemos sobre a razão do facto.
E, já agora, sublinhar a circunstância que está a ocorrer sucessivamente, de que os favores cá se fazem e cá se pagam, não sendo por acaso que os intervenientes de situações parecidas com esta, pouco depois mudam de lugares para outros ainda melhores e a ganharem mais dinheiro…
Falar agora de Vítor Constâncio e da sua pálida e atrasada actuação no drama do BPN, eu, que o conheço, não me passa pela cabeça que tenha existido o menor interesse de ordem pessoal do governador do Banco de Portugal. Agora, que não pode o homem com as obrigações que lhe cabem, desculpar-se, por muitos profundos discursos que faça na Assembleia da República, isso é que não se pode omitir na apreciação da ocorrência. Não vou ao ponto de subscrever o tom de Paulo Portas quando aproveitou a ocasião para se sobressair no Parlamento, ele que não está em condições de criticar ninguém, sobretudo depois daquele dos submarinos, quando foi ministro da Defesa .Mas tenho pena que Vítor Constâncio não tivesse actuado com a firmeza e a rapidez que o caso merecia.
Ao fim e ao cabo, estamos condenados a ser um País mal gerido e de interesses ocultos que circulam nos subterrâneos da política! Somos um País de casos...

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