terça-feira, 25 de novembro de 2008

NÃO HÁ PRESSAS!


O mundo inteiro debate-se com o problema da crise que surgiu como um vírus e que, ao contrário das epidemias que escolhiam sempre os países mais miseráveis, como são alguns da África, desta vez resolveu instalar-se nas zonas ditas mais prósperas, não poupando empresas de fama universal e dando mesmo preferência às organizações que, até agora, eram consideradas como intocáveis e sendo consideradas fortalezas do dinheiro, como são os bancos. Estes estão a lançar SOSs por tudo que é sítio e nem conseguem fazer frente ao que só acontecia aos pequenos empresários, que é essa coisa horrível das falências.
Como é que nós por cá poderíamos constituir uma excepção a tal vaga de calamidades? O sector bancário nacional já deu sinal da sua fragilidade e de necessidade de ajuda dos poderes públicos, para além do caso BPN que, mesmo sem crise, se encontrava, às escondidas, a navegar em águas turvas. E, já agora, uma palavra sobre esta situação que está na ordem do dia: de toda a embrulhada que mantém em prisão preventiva o homem que era o presidente desse banco e aguardando-se que não fique por aqui a varridela que os poderes judiciais levarão a cabo, espera-se, talvez tenha sido bom que tivesse ocorrido tamanha demonstração de incompetência, ganância de alguns, falta de honestidade, ou seja como for que se deve chamar a actuação dos responsáveis pela bancarrota provocada. E digo isto porque era e continua a ser absolutamente necessário que se averigúem as riquezas que, antes e depois da crise, apareceram no nosso País de um dia para o outro.
O Chefe do Estado quis dar um passo que não me ilibo de chamar de descabido – para dar um nome -, de publicamente afirmar que o homem que está agora na boca dos portugueses, na sua opinião merece permanecer no cargo honroso de membro do Conselho de Estado, cuja responsabilidade da nomeação pertence a Cavaco Silva. Teria sido preferível, digo eu, que o Presidente se mantivesse caladinho, deixando que o assunto acabe de ser completamente esclarecido, pois nunca se sabe se existem surpresas que deixem de boca aberta os portugueses. E talvez não, porque, por cá, sabem-se guardar alguns segredos, quando convém não tocar em nomes protegidos.
Pois será assim, mas Dias Loureiro, o homem em causa, e não só – há muita gente suspeita em Portugal – devia explicar, tostão por tostão, como é que se consegue, só com ordenados – mesmo sendo muitos de vários cargos ao mesmo tempo, como se assiste escandalosamente por aí – chegar a tão grande potencial de valores no activo, casas, quintas, depósitos bancários e todas as benesses que se usufruem desde que se tenha passado pela política, governo ou partidos bem situados, para, logo a seguir, fazer parte de conselhos de administração, consultadorias e tudo que, nesta área, oferece largos proventos, directos e indirectos, bastando, para isso, fazer parte de uma teia de interesses habilmente criados, desses que juntam o hábil com o interesseiro, o pouco escrupuloso com o fechar dos olhos para a trapalhice que vai surgindo à sua volta. E mais tarde declarar, com todo o à-vontade, que não se era conhecedor de nada!
Como temos todos muito tempo, como não há necessidade de pressas, pois Portugal tem uma enorme margem de manobra (!), para quê pedirmos urgência a todas as averiguações que são necessárias para dormirmos descansados?

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