quinta-feira, 13 de novembro de 2008

VENDER O QUE NÃO É PRECISO




C’oa breca, mas eu não desejo glorificar-me cada vez que assisto a uma tomada de posição dos governantes que coincida com opinião dada publicamente por mim, quer neste blogue quer em artigos saídos em diferentes órgãos de comunicação, mas, como mais vale tarde do que nunca, pelo menos que, com enormes atrasos, acabe por verificar que tinha razão na altura em que manifestei uma opinião que não era asneira de todo.
Desta vez, o caso é o de o ministro Nuno Severiano Teixeira ter anunciado que o Governo se prepara para alienar muito do património militar, constituído por quartéis, conventos, cadeias, hospitais, fortes, tudo já fora de uso e em condições até de mau funcionamento, não ficando para trás o próprio edifício do Ministério, também ele, apesar de imponente de aspecto, em risco de caiarem painéis de pedra, e que o valor que se espera que vá enriquecer o montante destinado a modernizar as infra-estruturas das Forças Armadas, dizem, atingirá cerca de 834 milhões de euros.
Tudo isto parece ser medida acertada, a mesma que eu já tinha alvitrado em tempos – e não só no que se refere ao Ministério da Defesa -, mas o que faz levantar certas dúvidas é a circunstância de esta atitude ir levar 12 anos a ser levada a cabo. E todo esse tempo chega e sobra para que uns novos governantes que, entretanto, possam surgir, não venham com opinião diferente e tudo fique “em águas de bacalhau”.
Digo isto não por excesso de pessimismo, mas por estar escaldado como cidadão normal por ver anúncios de iniciativas que, passados tempos, ou ficam nas gavetas esquecidas ou acabam mesmo por ser revogadas porque quem toma posse, mais tarde, nos lugares de decisão, aparece com ideias novas ou defende as antigas, não mexendo uma palha no sentido de fazer progredir o que tinha sido decidido antes.
Eu, por mim, aquilo que continuo a defender é que, aproveitando até um período em que o Estado está cheio de dívidas antigas que leva tempo a liquidar, e as faltas de dinheiro para pôr de pé medidas que são da maior importância para não ficarmos cada vez mais para trás, em comparação com a Europa a que pertencemos, desfazermo-nos de tudo que está a cair de podre e que não tem utilidade na vida moderna só pode ser observado com aprovação, isso, repito, desde que o dinheiro apurado não seja gasto em ordenados escandalosos de funcionários superiores, sobretudo de empresas públicas, nem em adquirir automóveis de modelos luxuosos sempre que um novo alto cargo entra no esquema.
E sobre isto dos carros, repito o que já escrevi em mais de uma ocasião: que é existir uma garagem de carros oficiais e uma disponibilidade de motoristas - muito menos do que existem hoje -, por forma a acabar com esse “riquismo” de ter sempre à porta das repartições um automóvel à disposição do chefe e com o motorista sentado à espera que “sua excelência” queira sair, para ir para casa ou para levar os filhotes ao colégio. Se fosse necessário requisitar condução quando fosse preciso para o serviço e surgisse um carro, fosse ele qual fosse, o disponível, e com o condutor que, também ele, fosse o que se encontrava na lista para sair, se essa fosse a forma de utilização das viaturas, quantos milhões de euros se economizavam por ano?

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