sábado, 1 de novembro de 2008

ARRENDAMENTO DE ANDARES


Quem, como jornalista que vem dos antigos tempos, sentiu na pele os efeitos da Censura, como foi o meu caso, situação que os actuais profissionais, por muito que se lhes relate o que sucedia então, não conseguem fazer uma pálida ideia dessa realidade de então, ao tomar agora conhecimento de que os blogues se encontram na mira da lei, a primeira sensação que se tem é que, afinal as coisas não mudaram assim tanto.
Mas, pensando bem, vendo a fundo as consequências que podem advir de afirmações escritas e, quase sempre anónimas, porque a maioria destes escritos não estão identificados, a conclusão a que se chega é que, democracia sim, mas lançamento de atoardas à toa, ultrapassar as regras que impõem a liberdade de expressão, fazer afirmações acusatórias de ordem pessoal e entrando na intimidade das pessoas, isso não pode passar sem que exista a justa penalização.
Digo isto sem ficar nada preocupado, pois que, por vício profissional e por restrições que imponho a mim próprio, só abordo situações que não se situem nas áreas das que merecem castigo judicial.
Dito isto, refiro-me agora, mesmo que rapidamente, a um tema de que já escrevi algo: à situação das casas degradadas que, segundo notícias, já atingem cerca de 200 mil, mas que muitos senhorios mostram receio de as lançar no mercado de arrendamento, dado que, quando alguns inquilinos suspendem o pagamento das referidas rendas e é movida uma acção de despejo, não contestada pelo inquilino, demora em média dois anos a ser resolvida em tribunal.
Ora aí está como dois problemas se juntam: um, o de que se acumulam as casas vazias que, também por esse facto, se vão degradando e dão exteriormente o aspecto que se encontra por esse Pais fora, sobretudo em Lisboa, e o outro, aquele que tem sido aqui constantemente referido e que diz respeito à má actuação da nossa Justiça, que é um dos males que necessitam a que os governantes deitem a mão, com a maior urgência, não a possível mas até a impossível.
Numa altura de crise aguda e em que a compra de andares deixou de ter a preferência dos cidadãos, por razões que estão mais do que debatidas, a solução – como eu aqui tenho defendido repetidamente – é o aluguer até para procurar trazer para a capital grande número de habitantes que se viram obrigados a residir nos arredores e que, nas horas de ponta, inundam as estradas, por utilizarem as suas viaturas e, nesse caso, consumirem combustível que atingiu preços insuportáveis.
Encarando este problema em todos os seus ângulos, resolver de uma só vez o caos das casas vazias em Lisboa (e refiro-me apenas à Capital) soluciona outras situações, todas elas graves: melhora o aspecto de muitos locais lisboetas onde se assiste a autênticas demonstrações de degradação, deita mão aos ex-devedores aos bancos de prestações com as compras já não suportadas e, por fim, mete na ordem o sector judicial que não dá garantias aos proprietários de andares para arrendar, nos casos de atraso nos pagamentos das rendas.
Não me meti na intimidade de ninguém. Que tenham paciência os que espreitam um deslize para se queixarem dos blogues.

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