terça-feira, 21 de outubro de 2008

JOÃO SALGUEIRO



Eu bem gostava de ser um crente de toda essa gente que utiliza as televisões para debitarem aquilo que consideram ser a ciência e a sabedoria absolutas, fazendo com que os telespectadores que não têm outros para ver ocupem o seu tempo a escutá-los. Na minha qualidade de antigo jornalista que aprendeu bem a lição em tempos passados, em que os mestres diziam que não era necessário estar de acordo para registar o que afirmavam os entrevistados, bastando tomar nota e transmitir, por vezes com o estômago às voltas, lição essa que passei depois à rapaziada que foi aparecendo para trabalhar sob as minhas indicações, com essas características assisto agora ao que dizem uns tantos fulanos que falam e escrevem aquilo, julgo eu, em que acreditam.
Porque é que venho agora com este discurso? Pois é simples. Porque acabo de ler uma entrevista feita ao economista e homem da Banca João Salgueiro que, com aquele ar que é costume porem os que se sentem dentro da razão, afirma, alto e bom som, que é como quem diz, em letras garrafais que fazem um título do texto, que ”nunca houve lucros fabulosos na banca”.
A gente lê e relê, para ver se não está com a vista em mau estado, mas confirma aquilo que dá a impressão ser alguma frase do antigo Pinóquio.
Não vou repetir as várias repostas que o presidente da Associação Portuguesa de Bancos dá às diferentes perguntas efectuadas pelo entrevistador, mas todas elas são quase para explicar que a área bancária não vive nem viveu naquela opulência que vem descrita repetidamente. Por pouco não afirma que vai ser criada uma associação de auxílio aos bancos pobres.
E, no que diz respeito ao pessoal superior dessas mesmas instituições, pouco faltou para desmentir que os mesmos usufruem salários de verdadeiro escândalo, claro comparando com o nível de vida geral da população portuguesa, e que as luvas que lhes são dadas ao longo das carreiras chegam para adquirir viaturas de luxo e para terem casas próprias de níveis superiores.
João Salgueiro, defendeu bem a classe a que pertence, mesmo sem ter merecido o mínimo crédito dos leitores que seguiram a entrevista.
Eu nem falaria nisto, sobretudo referindo-me a um antigo colega do Instituto superior que ambos frequentámos em anos diferentes, se não pertencesse ao grupo dos que apontam o dedo acusador à classe bancária de todo o mundo que esteve na origem da crise financeira que envolveu o globo terrestre. Não é que se pudesse exigir outra coisa de quem tem obrigação de proporcionar lucros à instituição para que trabalha, mas que procuremos disfarçar e desviar a vista daqueles que, para emprestar muito e ganhar bons lucros com os juros, tudo fizeram e até utilizaram a publicidade em excesso para engodar os pobres e ingénuos clientes, lá nisso eu não alinho.

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