quinta-feira, 30 de outubro de 2008

DESVENTURA!


Que bom que deve ser viver num país onde só haja motivos para os cidadãos se regozijarem pelo facto de terem nascido nesse sítio e lá continuarem a viver. Os acontecimentos históricos, um passado longínquo que provoque um ufanismo e uma certa vaidade em relação aos ancestrais, tudo isso é importante. Mas se o presente, se aquilo que se contempla no dia-a-dia, se o que passa no decorrer da nossa vivência ou aconteceu em tempos que não se podem considerar muito recuados, se essas circunstâncias são postas ao dispor da nossa apreciação, então, por muito que sejamos amantes da nossa língua e da Nação que nos deu guarida quando nascemos, como temos cabeça para pensar e olhos para analisar e comparar com o que se passa noutras paragens, nesse caso não é aceitável que os facciosos do patriotismo considerem que o que fazemos é tudo bem feito e não temos nada que elogiar as acções de outros seres humanos, como nós, mas o que são é naturais de outras terras.
Feito este intróito, eu que me considero útil a Portugal porque não escondo a cabeça na areia e não hesito em apontar erros, na esperança de que outros, com poder, possam pensar e deixar de olhar sempre para o umbigo, o que permitirá emendar a tempo ou defender as suas acções, porque ficar calado é que não serve para nada, passada a entrada deste blogue vou, naturalmente, dedicar-me a lastimar alguns acontecimentos que estão a constituir o Pão Nosso da cada dia e que, se não se puser um travão nas fatalidades, acabaremos por ficar entregues ao Deus dará! (digo isto assim para me acolher sob o manto da Cristandade, pois talvez só ela nos possa ajudar a não nos espalharmos na lama)
Começo por referir a notícia – dado que sempre filio as minhas considerações naquilo que já foi tornado público – de que, até Junho de 2009, as estimativas apontam para 14 mil desempregados mais no sector dos componentes de automóvel. Mas, já nos dois próximos meses, existe a ameaça de mil trabalhadores verem terminadas as suas funções, também no mesmo sector. Isso, porque vão encerrar fábricas. Nada mais animador, nesta altura em que anda todo o mundo a contar os tostões, que é como quem diz, os cêntimos de euro, pois as dificuldades nas compras fazem-se sentir a cada instante.
E só para mudar de tema, refiro-me a outra notícia que, no meu caso, não constitui novidade nenhuma, mas isto de ter razão antes de tempo é da maior inutilidade para quem tem esperanças de que as suas palavras cheguem aos ouvidos dos governantes. Quero sublinhar a conclusão a que chegou o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (é um nome grande, mas claro), de que, apesar dos apesares, 54% dos portugueses ainda consideram Portugal seguro, mas, por outro lado, acrescenta que apenas 20% dos nossos concidadãos confiam nos tribunais.
Não é preciso pôr mais na carta. Se os juízes e magistrados estão convencidos de que a sua actuação é aceite pelos portugueses, podem tirar essas ilusões da chuva, e o que lhes resta é meter a mão na massa e dar uma volta completa ao que ocorre nos tribunais. E não só nas demoras em fazerem sair as sentenças, que já seria muito! Não vou agora repetir o que tenho escrito dezenas de vezes…

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