domingo, 26 de outubro de 2008

DESENRASCADOS



Isto não tem nada a ver com crise financeira, a que está a servir também como desculpa para as nossas molenguices em resolver problemas e em acertar completamente nas prioridades de dar cumprimento às obrigações que cada um de nós, portugueses, tem para solucionar. E, particularmente, o Governo, pela boca do seu primeiro-Ministro, agarra-se a essa situação surgida, como náufrago a uma bóia de salvação em pleno mar alto.
Só que muitos dos casos que estão há muito tempo a pedir que os respectivos poderes actuem e, sem ter nada a ver com crises financeiras, arregacem as mangas e tratem de pôr as deficiências em ordem. Essa posição, tão característica deste País, tem de ser repetidamente denunciada, até ver se algum desses mandões que se chamam ministros encaram os problemas e dão ordens peremptórias aos respectivos chefes de serviços para deixarem de estar distraídos e façam os trabalhos que lhe incumbem sem mais delongas e sem desculpas para as tardanças que só servem para impacientar os cidadãos e, pior do que isso, provocam prejuízos que os contribuintes têm de suportar com os seus impostos.
Dou aqui um exemplo, mas não pararia se me fosse ocupar da lista imensa de actuações que não têm de estar disfarçadas pela tal crise. Refiro-me, como vem na Imprensa do fim de semana, à demora de quase um ano para se verem aprovados medicamentos inovadores experimentados e tendo dado provas da sua eficiência nos mercados estrangeiros. Os processos que se arrastam à espera que o Infarmed dê a sua aprovação chegam a levar até aos três anos, o que provoca situações de morte de doentes que poderiam ter beneficiado das novas descobertas científicas devidamente estudadas e completamente confiáveis.
Segundo um relatório internacional, Portugal é o último de 13 países europeus que incluem novos medicamentos nas suas listas de descobertas feitas entretanto. E a área do cancro é a que mais sente este relaxamento por parte das autoridades médicas nacionais. Uma vergonha!
A Infarmed já respondeu a esta acusação, com uma desculpa de mau pagador. Que nenhum doente deixa de ter o medicamento que necessita, memo que não se encontre comercializado,”desde que o seu médico informe a administração do hospital de tal necessidade”. Nem faço comentários! É mesmo uma atitude à portuguesa. Dizem os mesmos “sábios” que os tais remédios podem ser adquiridos no estrangeiro, através de uma autorização de utilização especial (AUE) solicitada pela respectiva unidade de saúde. Está-se mesmo a ver agilidade dos respectivos serviços públicos, ao ponto dos necessitados morrerem entretanto!...
Não temos, de facto, remédio. E eu que o diga. Necessitei de um medicamento, receitado por um médico português, de um laboratório americano e tive de fazer aquilo a que todos nós deitamos mão quando nos encontramos com um problema semelhante: pedir a uma amigo ou familiar que se encontra no País respectivo e pedir-lhe para ser portador no bolso do tal remédio…
O que vale é que os portugueses têm uma característica que nos marca: somos desenrascados! Se não fossemos assim, já há muito que tinha deixado de haver este sítio, considerado uma Nação

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