domingo, 12 de outubro de 2008

JOSÉ MIGUEL JÚDICE


Conheço-o há muito tempo. Quando, cerca de um ano depois do 25 de Abril, regressou a Portugal, ainda bastante jovem mas já em vias de receber o papel passado pela Ordem dos Advogados, tendo vivido uma temporada em Espanha envolvido com os movimentos políticos que se sabia existirem no País vizinho, a convite de Vera Lagoa, que me acompanhava no semanário por mim fundado, “o País”, aceitou escrever uma coluna em que dava largas ao seu pensamento que, por sinal, não condizia precisamente com aquilo que eu tinha como lema no jornal que dirigia, mas como sempre respeitei a independência do jornalismo, nunca interferi nos seus escritos. Tratava-se de José Miguel Júdice que, quando Vera Lagoa fundou o seu próprio semanário a acompanhou por se sentir mais à-vontade naquele ambiente de Direita declarada. Não me foi dada qualquer explicação, mas eu sempre aceitei os comportamentos do outros, mesmo os que podem caber na área dos menos próprios.
Seguiu, pois, Júdice a sua vida e foi, como se sabe, bem sucedido, tendo até conseguido o lugar de Bastonário da Ordem dos Advogados, militou no PSD, partido de que, segundo se lê na entrevista que concedeu recentemente a um diário, se afastou, tendo mostrado inclinação pelo PS, pois foi até nomeado por Sócrates para a reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa, cargo que não chegou a exercer o que causou alguma polémica.
Digo tudo isto, porquê, se não se trata de nenhuma novidade e quem anda atento neste País às figuras que se fazem notar não considera coisa nova o que acaba de ser escrito? Só para, eu próprio, recordar tempos passados e me ajudar a tomar a consciência de que tudo que fiz ou que autorizei que se fizesse se tratou de algum acto que ´edigno de aplauso ou, pelo contrário, é merecedor de profunda censura.
Deixemos isso aos outros para julgarem, mas eu apenas me aconchego no conteúdo da entrevista que José Miguel Júdice considerou útil tornar pública. E foco um ponto essencial.
É evidente que cada um é livre de mudar de pensamento político as vezes que lhe aprouver. Se me recordo desta figura que, quando nos falámos pela primeira vez, me disse que, para ele o CDS estava muito à Esquerda, e que foi dando os desvios que, nesta altura, roçam o socialismo, muito embora comece a levantar dúvidas quanto ao socraterismo, é só para dizer uma coisa: não tenho nada que fazer comentários. Mas é-me permitido registar a situação.
Mas há uma questão que eu, nesta altura, tenho de concordar com o José Miguel. É que, cada vez mais, Portugal vai dando mostras de que é capaz de acabar por não ser viável como País.
Toda a gente que me conhece sabe que eu, desde que me conheço e já no tempo da Ditadura afirmava que a única solução para esta ponta da Europa é constituir-se a Ibéria e surgir um agregado de duas Nações que, nessa altura sim, terá a força suficiente para bater o pé não só no espaço europeu mas também no mundo. O caso do Benelux serve de exemplo. E há forma de chegar a esse ponto sem nenhuma fracção deste espaço, sem perda de línguas, costumes, culturas, bandeiraa, hinos, governos, assembleias… já que, quanto a moeda, é sabido o que se sabe.
Portanto, no que diz respeito às ideias de José Miguel Júdice, nesse particular tudo indica que não pensamos de forma muito diferente. Se é que ele mantem este pensamento!

Sem comentários: