sábado, 11 de outubro de 2008

CASAS DA CÃMARA





São muitas as anomalias que sucedem nesta nossa Terra, naquela que se classifica como nação, mas que não se sabe bem se, ao fim de tantas centenas de anos de existência, será já um país ou não chegou ainda lá e não passa de um sítio onde vive gente que não se comporta devidamente, por forma a que seja fabricado permanentemente o futuro para os vindouros, com o fim de não virem a deparar com um montão de asneiradas que são depois forçados a emendar. Perante isso, quando aponto aquilo que considero disparate, a minha preocupação é somente a de contribuir para alertar um pequeno círculo de leitores, sabendo de antemão que não posso pretender fazer mais do que isso. O que é pouco, concordo.
Pois vem neste momento a talho de foice o tema, que está agora a ser tão falado, de antigos responsáveis máximos do Município lisboeta terem feito favores, sabe-se lá porquê, ao ponto de terem dispensado, sob aluguer, casas que são pertença da Câmara, por valores verdadeiramente estapafúrdios. Um diário escreveu mesmo em título “Rendas de casa ao preço de um café”, acrescentando que um total de 4.222 andares foram entregues a favorecidos camarários, provavelmente por se tratarem de funcionários municipais ou parentes dos mesmos, mas, de qualquer forma, sob o beneplácito de quem punha e dispunha dentro da instituição que é paga por dinheiros públicos… que o mesmo é dizer, também por pagamentos dos munícipes através das múltiplas taxas aplicadas aos cidadãos que residem na capital.
Todos nós conhecemos gente que chegou ao ponto, pelo menos nalguns casos, de terem feito boas fortunas à custa de favores prestados através da influência tida junto dos serviços camarários, especialmente na área das licenças e de autorizações fraudulentas de actos que um cidadão vulgar não consegue. Antigos fiscais, transformados depois em construtores civis ou actuando junto destes, que aparentam um nível de vida que não seria nunca possível apenas com o salário que auferem na sua actividade, são a prova disso. Basta fazer um pequeno inquérito junto dos cidadãos e logo se encontram dúzias desses casos E não vale a pena surgirem os inflamados alguns ditos ofendidos, porque, como em todas as coisas, também aqui pagará o justo pelo pecador.
Eu, pelo menos, sei de algumas situações que se diriam escandalosas. E os favores não se ficam apenas na concessão de licenças. Vão ao ponto de prolongarem quase indefinidamente, até anos, a mantenção de obras paradas, cobrando evidentemente por esses favores, razão do escândalo de se assistir por tempos longuíssimos algumas ruas plenas de tapumes e, não só isso, mas também o sítio de arrumação dos carros ocupados com abusivas correntes, que os mestres-de-obras ocupam para seu uso pessoal. E os fiscais, "gente bondosa", fecham os olhos… não se sabendo o que é que abrem! É preciso pôr mais na carta para que os serviços superiores actuem, ou será que esses ignoram ingenuamente o que se passa?

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