quarta-feira, 22 de outubro de 2008

CAMARATE




Quem tem esperança sempre alcança. É o que diz o ditado popular, embora os resultados não sejam assegurados por nenhuma ciência. Seja como for, perante a notícia trazida hoje na Imprensa de que Diogo Freitas do Amaral se prontifica, amanhã, a prestar uma entrevista televisiva e a fazer revelações inéditas quanto ao brutal acidente chamado de Camarate, aqueles que, quase ao fim de 30 anos, ainda alimentam esperanças de que se acabe por ter conhecimento das razões da queda da avioneta que se dirigia para o Porto, transportando várias figuras importantes da política, essas pessoas conseguirão, ou ficar a saber tudo ou ficar a saber nada.
Augusto Cid, o cartunista que, até hoje, defende a tese de que se tratou de um acto de banditismo e não de um acidente, estará seguramente atento à referida entrevista, até porque, quanto ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, acusa-o de nunca ter revelado o resultado dos seus contactos com a Scotland Yard e com a Polícia Judiciária, defendendo que se esses elementos tivessem sido revelados talvez bastante se adiantasse na descoberta da verdade.
A expectativa, a um dia de distância, mantém-se. E tanto pode acontecer que surjam revelações que, se assim for, não se compreende o motivo por que estiveram tantos anos guardadas ou, pelo contrário, tratar-se–á de uma entrevista oca de indicações úteis, daquelas que abundam, infelizmente, nos nossos órgãos de Informação, apenas para encher papel e tempo de antena.
Neste País em que os mistérios por solucionar se amontoam no nosso conhecimento, especialmente quando metem investigações e julgamentos, nem sendo necessário vascular muito na nossa memória, pois está aí bem presente e arrasta-se indefinidamente, como é o problema Casa Pia, este de Camarate não pode fugir à regra. Até porque revelações importantes que estiveram guardadas, se agora forem divulgadas obriga a que seja feita a pergunta: porquê deixar passar todos estes anos?

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