quinta-feira, 16 de outubro de 2008

CÁ SE FAZEM!...



Portugal tem um povo que é pródigo em utilizar ditados para conduzir a sua vida, procurando, dessa forma, encontrar resposta para as fatalidades que surgem no dia-a-dia. “Cá se fazem, cá se pagam!”, é uma maneira das gentes aguardarem que alguma malandrice acabe por merecer o castigo, mesmo sem se saber como.
Mas, vistas as coisas com certo realismo, aquilo a que se assiste nesta Terra é que “a culpa morre sempre solteira!”, pois que assistimos a arrastamentos de processos em tribunais, apontam-se falcatruas de toda a espécie, conhecem-se corrupções a cada passo, mas quanto a definirem-se os culpados, especialmente se se tratarem de personalidades bem situadas, isso cai no esquecimento na maioria das situações.
Apenas como exemplos que, num ápice, posso chamar à lembrança, aponto casos recentes: aquele atraso de mais de três horas verificado na entrega da proposta de Orçamento do Estado 09, que ocorreu na terça-feira passada, motivado por uma série de números trocados, provocados no Ministério das Finanças por “alguém” que é um funcionário a pedir mudar de ares, essa situação embaraçosa, segundo as notícias não justificou a identificação do responsável do erro. Mais um a ficar “solteiro”.
Não sendo recente, antes tratando-se de uma situação com “barbas”, o que se passa com o julgamento que se arrasta do chamado “caso Casa Pia”, o não se saber ainda se os apontados como envolvidos nessa vergonha são culpados ou não, ainda que alguns já tenham passado pela prisão, essa é a demonstração demonstrada de que em Portugal é difícil apontar o dedo para aqueles que se refugiam na classificação de” pessoas importantes”.
Ainda outra história que vale a pena referir: o cartão do cidadão, que eu há tanto tempo reclamo não existir como, há tanto tempo, os espanhóis já possuem – ah não querem que aponte o exemplo? -, tendo sido anunciado há meses que também seríamos beneficiado por essa modernidade tão útil, a verdade é que foi iniciado, primeiro à experiencia, numa terra fora de Lisboa, e agora parece ser a vez da Capital, pois as Lojas do Cidadão foram invadidas por potugueses desejosos de se actualizarem com tal documento. Apesar e se ter de pagar 12 euros, o tempo de espera de cada utente ao balcão foi de cerca de uma hora. Se o Ministro respectivo teve o cuidado de pedir aos vizinhos espanhóis uma ajuda para explicarem como funciona ali o mesmo caso (que tarda um quarto de hora para atender cada situação) e se quem lá foi aprender não compreendeu a melhor maneira, então há culpado de estarmos, mais uma vez, a ver passar os comboios e, como sempre, o País está na lista de espera, que é o lugar habitual deste Sítio.
Já agora, uma informação preciosa: este Cartão do Cidadão substitui outros cinco – bilhete de identidade, cartão de contribuinte, cartões de segurança social e de saúde e, futuramente, o cartão de eleitor. Vamos esperar até que aprendamos como se faz.

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