segunda-feira, 4 de agosto de 2008

POR AQUI VOU


Eu por aqui vou
sem saber caminho,
pergunto quem sou
olho pr’o vizinho
p’ra ter uma ideia
vou fazer o quê?
Nem mesmo à boleia
daqui que se vê?
Mas vou caminhando
não há mais remédio
e enquanto andando
pleno de tédio
percebo o final
o que lá no fundo
que me faz sinal
para deixar o mundo
tenho pois de ir
ficar é parar
hei-de conseguir
cá estou a tentar

Eu por mim vou
deixo-me levar
se eu nem sou quem sou
posso caminhar
para ir, para ir,
ver passar as horas
não posso fugir
nem ter mais demoras
com angústia, porém
da longa espera
em vez de eu ir, vem
já não é quimera
é sim pesadelo
grande sofrimento
pois deixou de sê-lo
que até o talento
que nunca apareceu
foi coisa de sonho
a ver não se deu
e bem me envergonho
de o ter procurado
e me ter escapado

Por isso aqui vou
estou pronto, sem sustos
ao lume me dou
ao sono dos justos





Sem comentários: