domingo, 3 de agosto de 2008

POBRE TURISMO!


Para quem, como eu, que sempre esteve ligado à actividade turística dentro do jornalismo, tendo deixado centenas de crónicas em publicações da especialidade, para além de ter feito parte de organizações internacionais que reúnem os profissionais da escrita dedicada ao tema turismo, não é com indiferença que acompanho a actividade que, desde tempos passados e até na época em que existia um certo controlo político também nesta área, constituía uma forte ajuda ao equilíbrio económico de Portugal. Foram dois sectores que contavam muito nas contas públicas: o turismo e as remessas dos emigrantes. Quem não passou por essa fase da vida nacional não tem consciência da importância que representavam esses dois pólos.
Tomar agora conhecimento de que a crise que actua em diferentes sectores da vida portuguesa também está a afectar e muito o turismo, sendo o Algarve a zona onde se sente mais profundamente tal situação, a todos nós portugueses tem de provocar preocupação, mas quem sente mais têm de ser aqueles que assentam a sua actividade principal numa área que envolve, sobretudo nas épocas consideradas altas, dezenas de milhar de trabalhadores, ao ponto de, quase sempre, ser necessário recorrer a mão de obra estrangeira, sobretudo de brasileiros que imigraram para o nosso País.
As notícias são claras: as taxas de ocupação no sector hoteleiro baixaram 6% e as vendas oscilam entre os 25 e os 50%, sendo os restaurantes os mais afectadas. Daí se conclui que não são só os portugueses que influenciam tal descida de consumo, posto que é sabido que os turistas estrangeiros, especialmente os ingleses, que são os que, nesta época, mais afluem às praias algarvias.
O aumento do preço das viagens de avião, o custo elevado da gasolina e a subida das dificuldades que também se sentem fora das nossas fronteiras, tudo isso tem de influir na recessão do turismo no nosso País, sobretudo porque a promoção que se faz no estrangeiro dos prazeres de férias em terras lusitanas é, sobretudo, dirigida à classe média e é essa precisamente que sente mais directamente as dificuldades que o custo de vida em alta se faz notar.
Desde há muitos anos que a recomendação que tem sido feita por aqueles que têm conhecimento das técnicas de turismo é que a publicidade em devemos insistir sobre as características da nossa oferta tem de ser dirigida às classes altas. E isso porque não temos dimensão para receber carradas de visitantes de recursos médios e até baixos que constituem a maioria dos que se instalam em pleno período do calor naquilo que, para eles, é um “paraíso” de bom tempo. O investimento de propaganda que é feito em diversos meios no estrangeiro, incluindo os centros de turismo que temos instalados em várias cidades, tudo isso teria que ser orientado para dar a imagem do nosso turismo como sendo dirigido a clientes com meios e que procuram algo de especial e não mais um sítio para, por pouco dinheiro, gozarem umas férias económicas.
Por nosso lado, o esforço que fazemos para preparar pessoal de hotelaria deve ser orientado também na qualidade, no bom serviço, até no requinte. Mas isto não é novidade. Já foi dito e recomendado há muito tempo, mas, somo sempre sucede neste País, temos dificuldade em aceitar os conselhos dos que são previdentes.
O turismo no nosso País sofre, portanto, ele também, os efeitos da crise que nos envolve. Que podíamos nós esperar, quando se fez agora uma remodelação das leis de turismo e nada do que aprendemos ao longo dos anos de prática foi levado em conta, porque quem sabe são os “sábios” que acabam de chegar aos lugares e os antigos sofrem do mal da “velhice”.

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