quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A MELHOR POLÍTICA


Foi Alexander Soljenitesine, o Prémio Nobel da Literatura de 1970, que foi hoje a enterrar em Moscovo, com todas as honras da Federação Russa, com 89 anos vividos em pleno alvoroço, impedido até de entrar no seu País, onde esteve mesmo preso durante o período que não admitia que fossem divulgadas opiniões contrárias ao sistema então vigente, foi ele que deixou dito que “o Povo tem o direito de ter o poder, mas é esse Povo que não o quer”.
Sujeitas a todas as controvérsias que as frases que circulam e são de origem de cabeças pensantes que merecem o respeito do mundo que as admira, esta também não se exclui das opiniões contrárias que se sabe serem proclamadas por todo o mundo. Direito ao poder a ninguém deve ser negado, desde que se sujeite às regras de escolha e obedeça aos princípios de se dedicar a prestar toda a sua actuação em favor da maioria da população. Ninguém pode contestar esse direito. Agora, saber se quem assume essa função a que se entrega de livre vontade cumpre as obrigações plenas de imparcialidade, coloca em lugar secundário os seus interesses particulares, não actua unicamente a pensar no agrado que podem produzir os seus actos a determinadas áreas, apenas para garantir votos em próximo escrutínio e, pelo contrário, não temer desagradar sempre que uma medida é justa em sua consciência e, no caso de dúvidas, não temer ouvir as opiniões de diferentes sectores, ter consciência de que segue essas regras e estar sempre disposto a prestar contas publicamente, não deixando no vazio dúvidas que se podem levantar a quem é governado, em resumo, quem procede desta forma está a exercer um direito que merece o aplauso da maioria dos cidadãos. Porque oposições têm sempre de haver e é mesmo necessário que se manifestem.
Referindo agora a segunda parte da frase de Soljenitsine, de que o Povo não quer o poder, aqui é mais difícil dar o pleno acordo, pois sabe-se que o ser humano, quando reunido em multidão, quando se transforma em Povo, logo se vê conduzido por algumas figuras que procuram distinguir-se e que fazem suas as palavras que afirmam ser de todos. E é assim que nascem os chamados líderes, umas vezes saindo figuras merecedoras da confiança que os seguidores lhes dedicam, outras, figurões que trazem na manga a chama do mando, e que se aproveitam da ocasião e do seu poder de convencimento dos mais fracos para, a partir daí, quererem e até conseguirem, por vezes, serem donos de uma população inteira e de uma Nação por completo. Os resultados são-nos dados pela História de todos séculos, as antigas e as mais modernas. E depois de estar feito, o difícil é desfazer o erro.
Também Churchil afirmou que a Democracia era a menos má das políticas. E assim andamos todos à busca de um sistema político que se possa considerar como o ideal…

Sem comentários: