terça-feira, 10 de junho de 2008

A CRISE!...




Ouve-se, com frequência, alguém recomendar que devemos cultivar um espírito optimista em relação ao momento que se atravessa. Que temos de ter fé no futuro, que outros dias virão que farão esquecer o mau momento económico, financeiro e até mesmo político que somos forçados a cruzar nesta altura. Que se não formos nós próprios a alimentar tal esperança a queda será ainda mais rápida e muito mais sentida. Alegremo-nos, pois. Façamos as nossas orações aos santinhos da nossa devoção, alimentemos toda a convicção de que o nosso clube de futebol é o melhor do mundo, continuemos com a paixão que está enraizada sobretudo nos lisboetas em relação ao fado. Esses são os três remédios caseiros que, por cá, se vêm praticando desde tempos antanhos e, pelos vistos, lá foram dando os seus resultados se levarmos em consideração que Portugal tem resistido ao longo dos séculos de uma existência arrastada.
Este preâmbulo, mesmo que eu não o quisesse introduzir, tinha de servir para justificar a pouca confiança que me envolve de que já não será no meu tempo que vou assistir à volta de 180 graus que este País necessita de dar para sair da situação a que chegou hoje. E marco a data para não deixar dúvidas: 10 de Junho de 2008.
Cumpriu-se hoje mais um aniversário do chamado Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. E marcou-se a data tendo sido escolhida a cidade de Viana do Castelo, também para honorificar figuras escolhidas como exemplos de portugueses que fizeram obra que justifique tal distinção.
Como é habitual, o Presidente da República fez o seu discurso e, tratando-se de Cavaco Silva, aproveitou para fazer alusão do momento difícil que se atravessa. Fê-lo bem. Mas também não é desta matéria que vou ocupar este espaço. Quero referir-me à crise grave que cruza o nosso País – e não só este, verdade seja dita – e sinto a tentação de me atrever a deixar alguma nota, necessariamente breve, e bem podem dizer o que disserem e escrever o que escreverem os comentadores dos blogues, sobretudo os “valentes” anónimos, alegando que se não resolvem os problemas desta forma mas, julgo eu, pelo menos, talvez possam fazer pensar quem não se encontrava na disposição de parar para tentar dar uma ajuda, seja ela qual for. E quantas vez também conta e muito a intenção!
No que me diz respeito tenho a minha opinião. E, se é verdade que, na nossa Constituição não cabe ao Presidente da República interferir no sentido de tomar medidas para solucionar certos erros da governação – o único que pode fazer é “despedir” o primeiro-Ministro e mesmo assim com condicionantes – quando as coisas atingem um ponto tal que é palpável o mau viver da população mais atingida, se não derem resultado as conversas íntimas e semanais que as duas figuras mantêm, não ficará mal que o chefe do Estado salte a lume, através dos meios e comunicação disponíveis, e mostre a sua opinião, cautelosa como é natural, mas em que não fique, pelos menos, conivente com os erros crassos que, com excessiva frequência, são evidenciados por alguns membros da governação e não é visto, por parte de Sócrates, neste caso, uma admoestação clara e firme. No caos do ministro Manuel Lino, por exemplo, ultrapassa tudo o que é natural suportar; mas não só!
Quando numa casa falta o pão, o que se começa a fazer é economizar em tudo que é superficial e, se isso não chega, que vão os anéis e fiquem os dedos. Ora, é sabido que, por Portugal fora – sobretudo em Lisboa – estão vagas inúmeras casas e andares, que foram ocupadas por repartições públicas e que neste momento não têm utilidade, As Juntas de Freguesia podem indicar centenas delas. Por que não são libertados esses encargos? E, no capítulo das viaturas que estão disponíveis para certos cargos – não totalmente superiores -, com os respectivos motoristas completamente à boa vida, quando, como eu já referi em tempos até numa crónica no “Diário de Notícias”, o que devia ser criada era um local de orientação dos automóveis ao serviço do Estado e, com excepção dos ministros e secretários de Estado, todos os restantes funcionários superiores, com direito a uso justificado de transporte oficial, teriam que requisitar o carro que fosse com o condutor que calhasse, não havendo nada fixo atribuído a ninguém. Imagine-se, só aqui, a economia que representava esta medida.
Se se juntasse a esta posição, a venda de todos os edifícios públicos menos necessários – por exemplo, todos os ministérios que se encontram no Terreiro do Paço (e aqui colocados hotéis de 7 estrelas), criando movimento e alegria turística no local – o que representaria como entrada de fundos nos cofres do Estado.
Mas isto representa apenas uma pequena amostra do imenso que a imaginação de governante com boa cabeça poderia pôr em prática. Fala-se agora de um comissão (?) criada na Câmara Municipal de Lisboa para aproveitar o enorme espaço à beia-rio Tejo que tem estado desperdiçado há centenas de anos. Há quem acredite que existe capacidade de fazer tal trabalho, depressa e bem? Eu não deixo de ter dúvidas quanto a ver os resultados. E cá sei porquê!
Fico-me por aqui neste blogue que tem como tema A CRISE.
Quem me dera passar de pessimista a crente na capacidade dos homens que são escolhidos para exercer funções de enorme importância. Mesmo que eles surjam com o carimbo de que não querem ser pagos por isso! Uhm! Galinha gorda por pouco dinheiro!...

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