segunda-feira, 31 de março de 2008

ESTA LISBOA QUE EU AMO!

EMEL
É mais do que evidente que a cidade de Lisboa está atafulhada de viaturas motorizadas. Acontece cá como sucede em tantas outras cidades espalhadas pelo mundo. Trata-se de um problema que cada país procura resolver à sua maneira e em certos locais chega-se ao recurso de proibir o trânsito automóvel em determinadas horas e/ou em certos dias. É uma atitude discutível e muito contestada especialmente pelos estabelecimentos comerciais, mas ter-se-á que admitir que será um recurso extremo.
Mas falemos apenas da nossa capital, porque é esse tema que tem cabimento nesta coluna. Como é sabido, há anos constituiu-se uma empresa com o objectivo específico de regular o aparcamento nas ruas lisboetas. Marcaram-se os espaços, instalaram-se os parquímetros indispensáveis e contratou-se pessoal para fiscalizar os carros que, não possuindo selo de residentes na área respectiva, ficam sujeitos à multa correspondente Só que esses funcionários da EMEL, bem visíveis pelas suas fardas verdes, não tinham autoridade que bastasse para que a coima fosse efectiva. Tornava-se necessário que um agente policial viesse depois aplicar a punição oficial, o que nem sempre acontecia certamente por falta de guardas disponíveis.
Claro que o português esperto, apercebendo-se da falta de eficiência do sistema, ia-se arriscando, mas ao constatar que, de facto, valia a pena correr esse risco, mentalizou-se que isso de pagar o estacionamento era um “luxo” que só cabia aos outros.
Entretanto foram ocorrendo outros factores favoráveis aos automobilistas prevaricadores lisboetas: primeiro, parece que por dificuldade da EMEL em contratar pessoal de rua – apesar da multidão de desempregados que aumentam todos os dias – deixaram de se ver esses rapazes e raparigas de farda esverdeada a circular pelos locais a que estavam destinados, isso quando parece ter surgido a determinação de ter efeito oficial a multa colocada nos pára-brisas dos carros em situação faltosa, ao mesmo tempo que começaram a surgir arrombados os parquímetros, deixando a EMEL desprovida das receitas que eventualmente existissem.
Quer dizer: juntaram-se todos os ingredientes para aliciar cada vez mais os automobilistas, já por si, na sua maioria, incumpridores de todas as regras relacionadas com a condução e, por que não?, com o estacionamento, a fazerem vista grossa aos parquímetros.
Para que existe, então, essa empresa que, também de acordo com o que consta – visto que, por cá, os esclarecimentos à população são coisa que se usa pouco e mal – está agora dependente da Câmara Municipal de Lisboa ?
O pior de tudo é que, devido a tanto desleixo, se torna cada vez mais difícil encontrar, em grande parte das ruas desta cidade, local para arrumar o carro de cada um. Nem serão precisas outras razões para que os lisboetas supliquem ao Município que deite mãos à obra para que os transportes públicos sejam o mais eficientes possível. Está aí uma das soluções. Por mais difícil que seja pôr em prática tal tarefa.

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